sábado, 31 de dezembro de 2011

A lonjura de Dionísio



1.
O teu angelical menino
Está em sintonia
Com meu verso primo.
O olho aceso
Em azul celeste
Cabe em meu diário
De cordas e notas musicais.
Fantasias de mocinha:
Estou a adorar-te,
A sonhar teus lampejos
De frutos em essência.
Estou a decorar tuas
Obras invisíveis.
Teu olhar clínico de poeta,
Tua estética de sábio
Ornador dionisíaco
A enfeitar
Meus moldes.

Sílvia Goulart



2.
Ê lar amoroso.
A casa e a rua,
Como diria
Roberto DaMatta.
A família que viaja na carne,
Como Drummond a nós lembrou.
O que é a doçura da casa
Se não o medo?
A língua amorosa alimenta-se
Do espanto entre o ouro
Da poesia inconsciente do povo
E sua força bruta.
A “dose mais forte e lenta”
Que “nem dez mandamentos”
Possuem o poder de aliviar.
Cruzei o deserto articulado
Com o mistério da língua
Que ama Exu Dionísio
E sua poderosa avenida
Que vai de São Paulo a Brasília.
Só eu escrevo
O que eu entendo.
A negra de rosa que gerou
A ordem dos escritores
Do sertão brasileiro
Me aflora por dentro.

Marcus Minuzzi



Poema e pintura: Sílvia Goulart
Poema e foto: Marcus Minuzzi

domingo, 20 de novembro de 2011

Liturgia para o 20 de novembro

1.
Carrego em
Minhas “cadeiras”
Essências de negra
Mãe.
Meu tempero
Crioula
Faz o comer
Para o bem.
A ginga vem
Primeiro,
Depois a rima,
Depois os pés.
As raízes
Brasileiras
São puras de sangue e cor.
São negras mães.

Sílvia Goulart



2.
Ei-a, lembrança úmida como no
Porão da casa de Cora,
Bênção dionisíaca
Que orienta a poesia
Ovariana.
O lar sereno, abençoado
Pelo amor geral
Do sertão brasileiro.
A queda ritualística
Me aproxima de Zumbi
Guerreiro.
A senda de amoroso
Rito,
O medo é aquecido
A ponto de Homero.
O povo reina,
Literariamente organizado.

Marcus Minuzzi



Poemas: Sílvia Goulart e Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart
Desenhos: Tomás Goulart Minuzzi
Fotos: Marcus Minuzzi


terça-feira, 15 de novembro de 2011

As quatro negras




São quatros negras
De ouro.
Princesas de toda a
Cor.
Uma enfeitada
De rosa.
Outra cabelo
De flor.
Amarelo cor
Que emoldura
Todo o encanto
Da dor.
Turbante branco
Que cura
Todas as chagas
Que um dia
Sofreram por sua cor.
Ó rainha, bem-vinda!
Enfeita meu mágico
Andor.
Uma homenagem
Que presto
Para as quatro
Negras, ó flor.

Poema e pinturas:
Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

domingo, 13 de novembro de 2011

Serafina




Restam apenas
Sonho e voz.
O agudo
Que me fere
Acaba.
A dor estica
A alma e lança
Ao canto da ópera.
Serafina
Seria eu,
A moça da voz
Alucinógena,
Matadora
E cruel.
Lançaria gritos
Ao vento,
Até provocar
Revoluções de sedução
E encantamentos.
A história prescrita
Me chama.
Serafina canta
Para que eu possa
Adormecer serena.


Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Corpo de dama



Repousando meu corpo
Sobre o bordado de
Rendas,
Esperando banhar-me
Com mel aquecida
Em águas de melissa:
Como uma pena,
Flutuo.
Minhas roupas brancas
E perfumadas
Não denunciam
Minha trágica novela.
Com a pureza
Me encontro
Bela.
Afino meu canto.
Alivio as feridas
Num só delírio.
Corpo de dama,
Cansado,
Porém vistosa.

Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

12 de outubro



O ardor que ponho
Na forma de um país
Que ainda não existe
É o mesmo que devoto
À mulher bordada
Por meu sonho.
Ela carnavaliza o erro.
No dia da padroeira do Brasil,
O perdão àquilo
Que não tem cura.
O futebol compensa,
Com seus reis meninos,
Nosso drama homérico
De meninos assassinados.

Poema: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Em meio ao brejo




Em meio ao
Brejo, alcancei
A luz pequena
Da cor.
Ilustrações de
Flores agrestes,
Borboletas, libélulas,
Grilos e gafanhotos.
Bicho-pau.
Todos habitam
O céu terrestre.
Uma ecologia
Perfeita entre
Deuses e orixás
Da floresta.
A sábia
Passarinha que
Recolhe seus
Filhotes.
Seus bicos abertos
À mama.
Alimento, suor
Materno.
Espíritos protetores
E duendes encantados.
O advento é harmonioso
Como o rosa,
E o carvão.
Como a ópera
De meninos do nordeste.
Como Renata Rosa
E sua rabeca.
Ó estampas
Que agradam
Meu coração.
Os versos de Cora,
O cerrado,
Baru,
Pequi,
Pimenta de cheiro,
Bode,
Dedo-de-moça.
A terra seca e vermelha
Acalma meu
Rastro de índia.
Pinto, eu mesma,
Minha alma.
Que todos os
Dias sejam
Serenos,
Como o escorregar
De uma gota,
Como abrir
E fechar os olhos.
Como curvar-se
Diante de Deus.

Poema e desenho: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

domingo, 25 de setembro de 2011

Pomba anímica




A divinização cabocla
Arquetipifica
A pomba
Anímica
Em teu cabelo.
Há reinos
E amarelas
Ordens
Que
Alimentam
De paz
O
Erro.

Ó Divino
Tempo
Brasileiro
Alongado
Pela
Demorada
Cópula dos
Deuses.


Poema e foto: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

domingo, 18 de setembro de 2011

Ora pro nobis



1.
Ora pro nobis.
Conta pequena,
Ora por nós.
Pequenas meninas
Do silêncio,
Da sutileza,
Da hora das virgens,
Pequenina onda
Que nasce em Roma
E cresce entre as
Pedras da serra santa.
A luz do candeeiro
“Alumeia” nosso
Ventre habitado
Por flores cheirosas
Cheias de espinhos.
Alivia as dores
De nossos pés
Secos, machucados,
Cheios de fendas.
A miragem
Coberta
Pelo véu de seda
Esconde a janela
Da dama
Cor de bronze.
Ora pro nobis.
Benze quebranto,
Quebra feitiço,
Unge teu pranto,
Que somos
Continhas miúdas
A reluzir no oceano.
Água que verte,
Que corre em direção
Ao rio dos prazeres.
Acorda, Maria.
Teu santo cresceu.
Teu ventre de ouro
Abriu a comporta
Do mar.
Conchas, estrelas,
Cavalos-marinhos.
Escuta a manhã,
Banha-nos com teu
Silêncio.
Boa alvorada,
Te encontro
Na fonte.
Meu pássaro
Guerreiro é
Teu sábio retirante.
Abençoa meu nome.
Ora pro nobis.

Sílvia Goulart


2.
Há meu hímen no ouvido,
Que custosamente vai se rompendo.
A força peniana que o rompe
Advém de Maria.
Ergo o véu de meu enfeitado
Rei poeta.
Sua pintura do paraíso é
Brasileira.
O amor negro que amansa
O rito de roubar belezas.
Meu erê bento ouve o denso
Acordar do menino aborígene
Homero.

Marcus Minuzzi


Pintura: Sílvia Goulart


sábado, 17 de setembro de 2011

A amplidão do ser


A lonjura é a amplidão do ser. O demorado amor que poderosamente alimenta-nos de ilusões torna a distância uma conquista. A forma bruta pela qual nos tornamos brasileiros artisticamente se funda na beleza dos sertões repletos de arte arquetípica e que profetiza o amor da volta à Deusa.


Texto e foto: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O amor pelo Brasil




A composição rítmica, melódica e poética que mais lembra o Brasil é possivelmente “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. O lamento sertanejo aí ritualizado artisticamente amplia a visão de nosso mito fundador, onde a nação é visualizada como paraíso terrestre. “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste. / Criança! Jamais verás país nenhum como este. / Olha que céu, que mar, que floresta!”. Nesses versos de Olavo Bilac, a “criança” representa certamente o futuro. O artista desenha as feições do país. Falarei aqui mais como artista do que como intelectual e professor que estuda a cultura brasileira.

A dionisíaca folia que é o carnaval artisticamente fantasia nossa desigualdade social, até bem pouco tempo atrás geradora de grande incredulidade sobre o futuro do país. Lendo o clássico “O povo brasileiro”, da Darcy Ribeiro, pude perceber recentemente que a povoação do país deu-se em um processo, que ainda hoje parece não ter se esgotado, de exploração de um povo aculturado, ou seja, expropriado de uma cultura vinculada de modo fundamental às matrizes que o constituíram - branca, negra ou indígena. O povo brasileiro surge então de uma espécie de ninguendade, uma espécie de face sem nitidez na definição de seus contornos identitários. O dionisismo presente na comemoração do carnaval artisticamente prefigura uma nação onde o formoso trópico, com sua união de mitos, produz lentamente a razão brasileira.

O Brasil alimenta-se dionisiacamente de ouros escondidos em casas em que ardem homens e mulheres. A escravização do país por culturas estrangeiras – atualmente, pela cultura norte-americana – alimenta-se do medo da superação das diferenças étnicas no interior da própria cultura brasileira. A homenagem do artista Olavo Bilac à exuberante natureza brasileira contrasta com a tristeza épica nos versos de “Asa Branca”, onde o sertão nordestino provoca a fuga em busca de outras terras. A ferocidade do sertão aproxima-se, no entanto, à visão de que a natureza exuberante também é hostil.

O profético emblema, traçado pela beato Antônio Conselheiro, líder espiritual que provocou a Guerra de Canudos (1896-1897), de que o sertão vai virar mar, e o mar, virar sertão, torna-se o mito que incorpora a amplitude da alma brasileira. A origem do mito do sertão, conforme a filósofa Marilena Chauí, remonta à visão de Anchieta sobre a divisão da natureza do país entre a “costa litorânea” e a “mata bravia” (o sertão). Nas décadas de 30 e 40 do século XX, a marcha para o oeste, no governo do Getúlio Vargas, imbui-se de uma leitura nacionalista para dar voz ao mesmo mito. A forte orientação que o desbravamento do Cerrado assumiu, no sentido de aí localizar a nova capital, Brasília, completa o ciclo de alimentar a nação com a exploração de desconhecido e sua incorporação ao mundo conhecido.





A mitologia brasileira se constrói lentamente. O medo de amar faz o arco dionisíaco ritualizar o novo. A errática musa inspira sonhos proféticos. Cora Coralina viveu praticamente um século inteiro entre os brasileiros em quase absoluto anonimato. Ao final da vida, aos 95 anos de idade, após ser “descoberta” por Carlos Drummond de Andrade, figurava como exemplo de vida e poesia. A força geradora que produziu seus versos arquetipicamente funcionou como a ondulação mais intensa da profética esperança que alimenta o Brasil. Forçosamente, o mito artisticamente arde intenso onde há sofrimento e dor. A pedra constitui-se em uma das principais figuras poéticas de Cora Coralina. Seu hino materno, entoado como forma ritualística de encarnar o mito da grande mãe universal, fecunda a poderosa lembrança da rua antiga do Brasil. O bondoso olhar de Cora sobre o beco, outra figura determinante em sua poética, reinventa o amor à pátria, na medida em que embeleza a gente herdeira de nossa pobreza ancestral (“No beco da Vila Rica tem / velhos monturos, / coletivos, consolidados, / onde crescem boninas perfurmadas”).

O grito de “independência ou morte” que a nação orgulhosamente precisa repetir de tempos em tempos (como na campanha das “Diretas já”, ou no impeachment de Collor) atualiza-se com a arte que provoca visões daquilo que realmente somos. A ritualidade dionisíaca do carnaval reforça o mito do Brasil como paraíso terrestre, lugar onde a humanidade se reencontra consigo mesma. “Quanto mais alma ande no amplo informe”, como escreveu Fernando Pessoa, mais ela terá dormido nos braços do “fim do mundo”. Quanto mais o Brasil amar a si mesmo, mais orientará o segredo, a ser distribuído ao mundo, como exemplo, do tempo vivido na terra com o máximo de prazer.

O amor que Milton Nascimento sente pelo Brasil artisticamente permite amar o povo brasileiro. “Tenha fé no nosso povo que ele resiste”, canta Milton, em uma de suas composições do final da década de 70 (chamada “Credo”), com o país ainda sob ditadura militar. O mito depende da desracionalização para corporificar-se, assentado sobre a esperança. A morte anoitece com a ordinária razão. Acreditar no Brasil, acima de tudo, é ler a realidade com a razão do poético fogo do coração, a exemplo do que fez Cora Coralina.





Texto e fotos:
Marcus Minuzzi
Pinturas: Sílvia Goulart

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Pequenina e bela flor do sertão


Quando pinto,
Bordo a flor
Amarela.
Meu sertão
Com belas fontes
E coberto por árvores
De copa grande,
Onde se alcança o céu.
Há um amor
Sertanejo a
Me rodar as saias,
A agitar meus longos braços.
Me carrega de flor em flor.
Ó cálice sanguíneo
E puro,
Ó sonoro passarinho
A cantar com seu bico
De barro.
O jatobá me acolheu à sombra
Na hora mágica em que
Me perfura a
Alma.
Antigo sertanejo
Me carrega
Em seu laço.
Os beijos tem
O gosto de
Uma manhã
Chuvosa de verão.
Me banha em seu sol.
Sou pequenina e bela
Flor do sertão.


Poema: Sílvia Goulart

sábado, 6 de agosto de 2011

A sabedoria é a persistência da alma



1.
A sabedoria
É a persistência da alma.
Acolho meu ardoroso
Sonho de ser bonita.
Moça de mãos macias
E seios bem feitos.
Flor em frescas fontes.
Meu ato bendito de
Louvar a mãe da beleza,
Senhora das deusas,
Coroa divina
De bentas uvas.
A serenidade da manhã.
A “maneirinha” pena
Em voo pleno.
Dedos finos de tocar cítara.
Ecos da montanha infinita, a penugem do albatroz,
A cor do corpo pintado das
Índias.
Beiju alvo espalhado na esteira.
Emoção de raiz segura.
Manto de santa
Em azul celeste
E rosa bebê.
Sumo de cajá-manga
Encontrado na sombra,
No brejo.
Castanha, caju fresco.
Cheiro de matricária seca.
Macela.
Hortelã.
Mato.
Uivo de lobos.
Pássaro cuidando ninho.
Meu paraíso biodiverso não cansa de existir.
Tecelagem de maricotinhas,
Flores de plástico,
Homenagens póstumas de viúvas.
Cheiro de vela amarela,
A beladona exalando em noite de verão.
A sedução da existência
Habita em mim.

Sílvia Goulart


2.
A deusa
Só interioridade
Profunda
Adensa-me
Na ternura
Morena de seus
Brejos.
A oração intenta
Uma doçura arbórea,
Onde se colhem as uvas.
A menina é benta
E artista.
A mãe que ama
A ordenhal escuta.
Lendo-te
A orar à fonte
Abissal
E aborígene
Em acordes
De cítara,
O oculto
Reino do abacate
Arde e oleosamente
Sonha,
Afortunado.
O medo de Maria
Acena com
O pomo alongado
Que corteja
O ovariano
Segredo.

Marcus Minuzzi





Pinturas: Sílvia Goulart
Fotos:Marcus Minuzzi

O feminino ouro de Dionísio




O alimento poético
Arde americanamente
E lembra a fonte indígena.
O fio artístico inventa
Um forte e novo amor ao mito.
A brasileira altura
Do feminino ouro de Dionísio.

Poema: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

sexta-feira, 29 de julho de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

O beijo



Desenho: João Júnior

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A promessa



A promessa que guia nossos 16 anos de casados, completados hoje.


1.
Rimas em pedras
Finas, de cor;
Sons de rodas de
Carroça, carro de
Boi.
Andanças do retirante
Agudo e ávido.
Senhor do sertão.
Chapéu quebrado,
Laço,
Janela aberta
Do olho sagaz.
Do ouro,
Extraiu seu arco.
Da rocha, seu pó.
Andarilho senhor
Das luzes.
Carroceiro do mato.
Quanto carregas
Em teu apetrecho.
Água, arma,
Milho bom.
Acordar com o sol
Quente.
Dormir com os
Rouxinóis.
Céu e chão
Te carregam,
Pintam teu
Laço.
Erguem teu
Canto.
Secam as tuas feridas
Cruas.
Andante senhor
Carroceiro,
Carregas
A flor com espinhos,
Fere os dedos de peão.
O amanhecer
Te concede
A honraria
De representante
De Deus.
Abençoa e ilumina
A nossa procissão.
Somos teus filhos.
Os filhos do sertão.

Sílvia Goulart





2.
Oro à mãe artista,
E oro por meu povo,
Erê me ensinou a rezar.
Ó musa negra potência antiga,
Ordem musical
Em alimento poético amoroso.
A mãe que me banha
Benze minhas feridas.

A mulher que amo fende
Com ardor meu olho.
O homem que sou olha
O extenso poder do diabo.
Há Deus no meu menino.
Quando era pequeno,
Alegremente amei o gosto oleoso
Da deusa onde erguiam-se
As formas meninas em pelo.

Gosto do teu mênstruo como anel
Que casa nossas escritas
Em nome de Maria.
A arte que orienta o nosso casamento
É profética e arde intensa.

Marcus Minuzzi

Pintura: Sílvia Goulart
Fotos: Marcus Minuzzi

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A flor já amanhece


A janela está aberta,
A flor já amanhece.
O sereno que depois vem
Com toda sua bênção desce.

Enfeita um pedacinho de folha
Para amanhã beber água.

No horizonte da vida
Sempre tem uma água pura, abençoada.
Para quem bebe dessa água,
A vida fica mais perfumada.

Poema: A Negra
Pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

sábado, 16 de julho de 2011

Nunca fiz coisa igual


Angariei falsos dentes
Para te morder a nuca.
Arranquei pena por pena,
Ave preta, maldita.
Nunca fiz coisa igual:
Matei, bebi o sangue.
Estás enterrado no
Roseiral.


Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pendão de milho














Descobri hoje
Que sou um
Pendão de
Miho,
Vergado,
Franzino.
Mas frutífero.
Crioulo.
Criado em terra santa.
A roça firme
Que me planta
Me segura neste
Chão.
Pendão de milho,
Milharal.
Perfume bom
De terra fresca,
Onde meus olhos
Serão comidos.
Onde meu
Corpo será despido.
Minha fé
Plantada
Em cada grão.
Com graça,
Pisarei
Firme.
Leve como uma
Pluma
Matriarcal
Camponesa.
Fubá,
Cangica,
Curau.
Meu gosto,
Meu olfato
De menina da
Roça
Me trazem
Carinho pelo
Pendão.
O milho
“bota boneca”,
Enfeita
O cabelo
Dourado,
Castanho,
Avermelhado.
O milho
Traz a
Lembrança
Sagrada.
Meu Pai
Benzendo
A fartura.
Minha esperança
Depositada.
Meus sonhos.
Os encantos
Do milharal.

Poema: Sílvia Goualrt

domingo, 3 de julho de 2011

A revolução feminina


A menina ri de meu menino-mundo
E de minha fala sertaneja.
Tenho rotatividade de santo.
Molho loas de Dionísio.
Um moço lógico e boníssimo.

A menina deusa negra
A banhar com fineza mor
Generalista o meu pensar.

A menina bruta com
Uma inteira caligrafia
E bordados míticos.
Celebro o rosto afortunado
Que docilmente ritualizo.

A menina amorosa
O brasileiro oráculo
Ama e lhe perscruta o
Divino anseio.

O ardor que perdoa
A feroz pátria.
A revolução feminina.


Poema e foto: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Crioulinha


Crioulinha tropeça
Em minhas contas
De aprendiz.
Ando a desconcertar
Minha alma
De menina feia.
Sonhos impossíveis
Com o dedo brilhando,
Ouro cobrindo
Meus retalhos.
Perfume umedecendo
Minhas coxas
Escondidas
Em seda amarela.
Ao meu redor
Reproduzo o mundo
Obscuro e secreto
Das musas.
Crioulinha
Sente a fineza
Da louça de porcelana.
Seus lábios
Sãos os meus.
Suas falas
São as minhas.
Sua bênção
Para meu caminho.
Em suas mãos
Confundo os ares
Sulinos, confio
Em suas preces,
E antes de tudo,
Em suas promessas.
Riqueza,
Pureza,
Boa vida,
Longevidade,
Arte em meu ofício.
Serei minha querida
Crioulinha, uma anciã
Feliz.
Uma mulher refeita
Do barro,
Da lama.
Serei ainda
Uma pedra grande.
Uma rocha
Alquímica.
Uma poeira
De beleza
Cósmica.


Poema e pintura:
Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Louvação de Aniversário




É bem difícil concentrar neste poema todo o significado desta hora. Desta data.
A verdade é que sempre sonhei com a tua madureza. Afinal, os verdadeiros gosto e cheiro estão quando a fruta matura. Esperei por isto. E por isto te "criei", de certo modo, assim como que por predestinação chegamos aqui, criando-nos um ao outro. Enfim, chegamos, somos, ambos, quarenta vezes mais do que tudo que já vivemos juntos.


Para uma silenciosa onda
Meu olhar atento
Espera mirar-te negro.
Dons de sereno homem.
Sutilezas.
Requintes.
O ato rebelde de um escritor menino.
Teu sonho, rapaz!
Teu sonho.
Teus escritos reinam
Em lendas absolutas.
Buscam o mito.
A rainha mãe
Acende a vela
Sobre seu filho.
O fogo atiça a loucura científica.
Âncora.
Destino cruel.
Ser o primeiro.
Ser solitário.
O único pensamento...
Atordoado, chora.
Ficas sem rumo.
Há tristeza.
Teu caminho,
Teus passos incertos,
Teus desatinos,
Tua flor cega.
Fostes batizado,
Rompido a ferro.
Agora vai.
Vai ser menino homem.
Vai ser aquilo que te foi ordenado.
Teu império bruto
Te chama.
Para te dar,
Inventei um cocar de estrelas,
Uma lança,
Um punhal de dedos,
Um manto amarelo,
Uma flor de Deus.
A nossa oração diária
Guardei para te louvar.

Feliz aniversário de quarenta anos, meu amor. Te amo.

Sílvia Cristina.

domingo, 22 de maio de 2011

O grande sertão



Perco a beatitude de menino santo, inocente.
O grande sertão abre meu brasileiro ouro.
A língua o diabo bento brasilifica:
O arco fende a letra em nome de Maria.
A arte batiza minha tropical mistura
Pacientemente costurada e cozida.



Poema: Marcus Minuzzi
Fotos: Sílvia Goulart e Marcus Minuzzi

sábado, 14 de maio de 2011

Beijar os pés



Boca de estrelas
Não tem dentes.
Apenas a língua guturante
Que sonha
Sem vacilar.
Que saliva
Ao te beijar os pés.


Poema: Sílvia Goulart

domingo, 1 de maio de 2011

O teu pictórico intento


A forte ama negra
Benze o meu bico de pássaro.
Um filho artístico
Reborda o mito do boi guerreiro
Que salva o planeta.
Ó mãe bela que genitalmente pinto
E lembro,
Estou em teu pictórico intento,
Como teu artista máximo,
A postura exata
A ave me ensina.

Poema e foto: Marcus Minuzzi
Pinturas: Sílvia Goulart
Modelo da foto: Sílvia Goulart

sábado, 23 de abril de 2011

O amor é o bordado que ouso


Bordo enquanto espero o ovo chocar.
Rito sagrado da menstruação.
Há um país inteiro artisticamente guardado.
O povo é sexualmente pintado como música.
Há um lento sussurar em meu ouvido,
Como tragédia da miscigenação.
O amor é o bordado que ouso.

Poema e foto:
Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Corpo machucado de Liz


Sombras, pedras,
Luz de liz.
Raios novos
De liz.
Traduz a aura
Triste de liz.
Lança retos
E agudos de liz.
Evapora verde encantado
E estúpido odor de liz.
Espalha monstruoso grito
De liz.
Salpica com ervas
De cheiro.
O corpo machucado
De Liz.


Poema e pintura:
Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

domingo, 27 de março de 2011

Brigam Cristo e Dionísio pela fama de dominar o país


A minha poesia ritualiza o fenômeno do medo:
Rendo graças a uma força abissal.
A briga entre o poder crístico
E o poder de Dionísio
Em mim se processa.
A dor faz a ema gritar encantadoramente,
E fabrica o terno gozo.
A rua não é mais beco.
Brigam Cristo e Dionísio
Pela fama de dominar o país.


Poema e foto:
Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

terça-feira, 22 de março de 2011

O perdão para Anibel


A voz quase rouca alucina
O mantra da exclamação contida
Em teu povo anterior.
Quase rocha,
Quase encarnação bendita de tua luz.
A inteira pátria em teu gesto materno.
As idas e findas andanças...
Mescla em teu diário de pobrezas,
Sonhos e fracassos espirituais.
A ânsia por estar em novo território.
A busca da perfeição do ser.
Senhor, me conceda o perdão.
Porque pequei contra tudo
O que bordava o meu caminho inigualável,
Duro, gelado como vento minuano:
Não pousei na relva abençoada que me destes.
Abortei meus dias claros.
Manchei minhas esperanças.
Há em mim um forte impulso, senhor.
Quero ser um átomo cósmico.
Quero ser um arcanjo com vestes brancas.
Quero amar o príncipe da pureza.
Rastejo-me aos teus pés.
Lava-me os cabelos
E perdoa-me as fraquezas da alma feminina.
Impurezas carnais, leitos enxovalhados,
Mortes veladas.
Imploro pelo caminho aberto
Impregnado pelo perfume
Das magnólias na manhãzinha.
Juro, senhor.
Prosseguirei no compasso,
Na cadência,
No ritmo amoroso dos teus tambores.
De lá, ouvirás minha voz.
Verás que bela sou a te cantar
As palavras molhadas em riachos.
Há, meu senhor, dentro do meu ser,
Uma serpente de sabedoria.
Há também uma amazônica
E fértil extensão de florestas.
Há um jequitibá em flor.
Cipó,
Citronela cheirosa de outubro,
Ocimum basilicum.
Plantei o pedaço mais verde em minha alma.
Há também uma coroa de espinhos,
Que me acompanha desde o primeiro dia,
Que me sangra,
Mas que conservo por conta
Das minhas penitências terrestres.
Aceita antes de amanhecer
O meu verso singelo,
A minha doação pela escrita,
O meu encanto de dama,
A porção de beijo e bico materno.
Aceita meu pedaço de carne,
Minhas chagas.
Em nome de tudo que é sacro.
Em nome de tudo que é perdão.



Requinte de sinhá

Bebi o vinho.
Pude ser,
Sentir o efeito da riqueza
Em minhas mãos.
Traços finos,
Requinte de sinhá.
Está em mim esta rainha.
Me visita hoje.
Suas vestes inspiram
Uma grandeza que assombra.
Está em mim.
O poder me assusta.
A nobreza me cabe hoje.
Só espero que o dia amanheça
E traga meu reinado.




Poemas e pinturas:
Sílvia Goulart
Fotos: Marcus Minuzzi

domingo, 20 de março de 2011

A profecia



Serenai vossos desejos
Aprendendo a rezar em um só coro.
Estamos em festa.
A casa é promessa.
A onda é apascentadora.
Lírios serão colhidos.
Bicos dourados, sons da floresta.
Espelhos d’água aguardam seu triunfo.
A dama de honra espera o cavalheiro.
A joia cristalina está guardada na face do anjo.
Rostos americanos assombram o céu do Brasil.
A nova pátria acorda mesclada de ciência e paz.
Serenai vossas fronteiras.
A negra amamenta Nova York.
As torres estão nuas,
O povo será novamente batizado.
Glória aos homens de modos serenos.
Glória aos homens nus e sem sapatos.
Glória às mulheres mulatas, pretas
E mestiças de pouca lábia.
De pouco viço, mal polidas, encantadas.


Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

segunda-feira, 7 de março de 2011

O coro das musas


Ó mina partida de meu país.
Lembro de leituras que veneramos,
Tua mãe e eu.
Lembro do meu brincar com letras e
A vegetação.
A minha beleza tirada da terra
E teu pai capinando a terra.
O teu nome acendendo o coro das musas.


Texto e foto: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

Em homenagem aos 14 anos de Adélia Rosa Goulart Minuzzi

sábado, 5 de março de 2011

Girar é tornar a pobreza um espaço olímpico



A ciranda ordena a lembrança da forma circular.

O ouro que descobrimos artisticamente harmoniza o anseio por amor infinito com a violência e a pobreza da vida cotidiana.

Girar é tornar a pobreza um espaço olímpico, ou seja, divino. A representação do ouro artístico brasileiro está na cultura popular, especialmente no Carnaval.

O mito brasileiro tira da espacialidade tropical uma alegria que torna seu tempo molemente aquoso.



Texto e foto:
Marcus Minuzzi
Pintura em camiseta: Sílvia Goulart



domingo, 20 de fevereiro de 2011

Droga e São Momentinho



Por certo, escrevi a crônica da droga que é o meu amado São Momentinho.

O São Momentinho é o momento certo, agudo e esperançoso. O único lugar em que podemos efetivamente ser felizes.

O São Momentinho é o pequeniníssimo. E esse momento é o da palavra, o grande momento da palavra certa.

Invariavelmente, esta palavra se dirige a uma Grande Mãe e, por consequência, às mulheres de um modo geral.

De modo mais certeiro, àquela mulher que devotamos nosso amor de menino.

A palavra é a droga da humanidade, o grande repositório da salvação. Droga, portanto, no sentido claro: de rejeição ao medo de estar salvo.

O ópio não é uma droga, é uma porcaria. Já futebol é uma droga certa. Só se vai uma vez por semana ao estádio, como numa missa, oferecer seu próprio corpo: estou aqui Pai, e não tenho medo dos terríveis tiros que me desferem o trem mundano do dia-a-dia.



A roda da bola, no estádio, nos descarrega de um ciclo infernal. Paradoxalmente, contraria a própria palavra, mas de maneira amuada, sertanêjica, esperando o momento da hora certa.

É só porque gosta de futebol que o povo lê jornal e, aos poucos, vai se entregando ao gosto de se estragar, ao vício de morrer sublime - n'A Palavra.

Droga é não ter medo da rosa da vida e da morte. Droga é ser Jesus Cristo. Droga é Cora Coralina.

Há um quê de Rosa & Sertão neste mito: a felicidade milagrosa de um momento. João Guimarães Rosa, por certo, fendia a palavra. A fazia luzir. Não fosse o português uma língua tão obscura, e já teríamos fundado um novo planeta - o que, por certo, vem fazendo muita falta.

Droga é a falta de pedra na vida, muita pedra. A coisa tão certa, de casamento, com o capeta. Droga é a brotação da seiva mágica. A mãe-dona-benta.

Rosa porfiou o regionalismo de Minas, casado com uma mãe aquífera rica em mananciais. Ela é uma bruta, essa mãe. Por isso, Rosa bateu cabeça e nos abençoou com Grande Sertão : Veredas.

A besta leva medo embora, medo da angústia de Carlos (Drummond). Droga é retirar dos olhos uma venda.

Porém, muito mais que isso, é retirar os próprios olhos, qual Édipo, depois de reconhecer, em si, o medo do demônio. É isso que acaba com a literatura má, e redeposita nossos votos na festa, na água santa de uma boa festa.

Droga é alimentar o cotidiano com a minúcia de pequenos prazeres entre a pedreira representada pela falta de encanto na relação em que sempre o homem endemonhou a mulher, endemonhando o sertão mesmo.



Ó santa pedra. A pedra é aliança. A pedra é amor. Em poesia, o ato de "pedrar" é o ato de descaroçar o alimento. Como diz Gilberto Freyre, em Casa Grande & Senzala, a ama de leite encarregava-se de amolecer o alimento pro menino.

Há uma preguiça gostosa na fala do sertanejo goiano e mineiro que deveria encantar a todos.

Amas de leite, segundo Gilberto Freyre, amoleciam o falar, adocicando-o com a voz de bebê - note-se o bico que se faz com a boca quando usamos o "bê": a antiga ema canta abrindo o mito.

Ema, animal do Cerrado. Ela enamora-se onde há encanto com a língua. Pode a moça entregar-se.

A fala ovariana estimula o gosto por poemas em parceria com musas guerreiras. O muso anhanguera pode entregar-se ao seio.

Gosto da sonoridade amuada desse moço anhanguera. Ele ali, aliando em si pedra e poesia. Soma os muitos medos edipianos, do mênstruo ao incesto.

É amoroso o modo como a massa onírica antiga risca a elegia ao bom bandeirante.

Droga, repito, é Cora Coralina, que is not dead, como já sei que andaram dizendo por aí (que "Cora Coralina is dead", pichado, num muro). A morte não existe. Cora Coralina, sim.

E assim o digo com a ponta de meu dedo, que fuçou as entranhas de todos os nossos medos, até o mais antigo, o medo de ser um homem grosso, e de legar isso aos nossos filhos.





Texto e fotos:
Marcus Minuzzi
Pinturas: Sílvia Goulart
Moça da foto: Juliana Goulart Boesche

O beijo de moça ritualizará o povo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A prece por Maria



Súbita rainha.
Maria de Deus,
Maria das dores,
Maria das honras,
Maria das mães.
Maria das graças,
Maria das pretas,
Maria dos famintos.
Marias somos.
De todos os filhos e filhas,
De todos os calvários,
De todos os ventres.
Livrai-nos, senhor,
De todos os maus agouros.
De toda sorte de padecimento junto ao pé do Criador.
Acaricia meu pequenino rosto de menina,
Veja onde a sua graça me tocou.

Mariazinhas...
Enfeitadas de graças,
Enfeitadas de carne,
Enfeitadas de flor.
Enfeitadas de espinhos,
Enfeitadas de cruz,
Enfeitadas de dor.
A hora do amor,
A hora profunda da dor...
Filhos pari,
Amores perdi.
Meu corpo secou.
Maria, levanta,
A cruzada apenas começou.
Maria da força,
Maria da caça.
Maria, acorda.
Tua força,
Teu pulso leviano,
Tua âncora sem cor.
O teu nome, Maria,
Foi teu deus que ordenou.
Não fuja, Maria, da trincheira.
Reserva, Maria, a tua glória final.
Em nome do pai,
Teu parceiro encantado.
Em nome do filho,
Teu rebento encarnado.
Em nome das rosas
Em teu útero geradas.

Amém.


Poema e pintura:
Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Iemanjá sabe meu nome


Iemanjá sabe meu nome.
Transfigura minha alma.
Ó rainha do mar,
Com quantos feitiços
Me tocas os pés?
Rainha mãe das mulheres,
Incendeia meu terreiro,
Escuta meu baobá,
Ofertado em largos braços,
Fincados sobre raízes sinuosas
Que medram nos sulcos da floresta
Nativa de onde eu vim.

Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi



O novo tempo




A morte do Exu
Por meu índio belo
E merecedor
De todas as glórias
Do Olimpo
Faz de meu dionisíaco tempo
A luta por olímpicas vitórias.
O Brasil fecunda em mim
Seu novo mito.

Poema e foto: Marcus Minuzzi

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Seres poéticos



Esvazio sons,
Ecos de Deus.
Semeio circulares
Sementes.
Onde passo
Fósseis de plantas
Virgens se refazem
Em um só húmus.
Plantas alimentam
Seres poéticos.


Poema: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

A conta coletora coletiva