quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O ouro do templo


1.
Nos casamos hoje.
Um manto sagrado
Enfeitado de palavras
Bentas cobre nosso enlace.
Santos iluminam
Nossa hora no altar divino.
Mirando teu rosto,
Contemplo a imensa
Frescura da floresta.
És meu amado rei.
Te entrego minha rosa,
Perfumo nosso meio-dia.
Curamos a ferida
De todos os matrimônios,
Criamos novos casais
Em nosso encontro.
Formamos o novo,
Somos o aprendiz artesão.
Nos ferimos com aço,
Agora curamos com a arte.

Sílvia Goulart


2.
O moço perfuma
O ponto amorosamente artístico.
O membro abre fendas na floresta
Penetrada de onírica procissão.
Ajoelho-me perante a poderosa
Errática lenda brasileira.
A noiva protege o indígena
Ornamento que alimenta o artista.

Olho a mãe que me renova
E ora por meu segredo.
Panteísmo caboclo.
Oras por meu peniano credo onde
A olímpica reunião de mitos arde.

A origem do novo Olimpo
Alimenta-se de nossos escritos.
Há ouro em nosso templo.
Há erês em sonhos americanos e ardorosos.
A pena torna o nosso amor infinito.

Marcus Minuzzi

domingo, 26 de dezembro de 2010

A casa florida da minha alma



Sonho com uma casa
Cor-de-rosa,
Toda cravejada de verde,
Para perpetuar em meus
Sonhos de artista
Esta obra,
Este tapete fixado na
Parede para acolher
Meus recortes, minhas
Pinturas ingênuas.
Mensagens decodificadas
Com pincéis.
As musas é que me aconselham
Para ornar nosso templo
Com a graça das cores.
Bordar a figura materna,
Homenagear a grande mãe,
Que figura altiva em tela
Verde-rosa.
Com zelo iremos adornar.
Cores, flores e plantas,
O dia se revelará
Mais brilhante.
Cedo, bem cedinho,
Iremos agradecer.
Louvaremos a harmonia.
O simples ato
Será o prenúncio
Daquilo que pode ser:
A casa florida da minha alma.


Sílvia Goulart


O Cristo andrógino



O meu pranto
Sai do vento,
Soprado por líricas
Mamães abençoadas
Que me acompanham e
Sabem que aqui é
Lugar de padecimeto.
Pinto de verde e rosa
Meu portal terrestre.
A coroa de Cristo
Me cabe.
Como serva, recebo a dor.
Pinto meu solar amadurecimento
De enfeites e guirlandas,
Sou um lento catavento.
Aqui nesta obra feminina,
Acolho com meus versos
Todas as mães da poesia.
Pinto a flor amarela.
Busco o sol do meio-dia.
Ajusto pedra, pó e cantinhos floridos.
Acordo com meu pássaro livre.
Reverencio o dia
Para bendizer meu amor.
Aqui neste lugar de incertezas,
Sou soldada e guerreira
Da história.
Uma mulher com apitos,
Fendas rompidas e
Fortes alegorias.
Força máxima, ovários em flor.
O Cristo andrógino.


Sílvia Goulart

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O Desejado




Onde quer que, entre sombras e dizeres,
Jazas, remoto, sente-te sonhado,
E ergue-te do fundo de não-seres
Para teu novo fado!
Vem, Galaaz com pátria, erguer de novo,
Mas já no auge da suprema prova,
A alma penitente do teu povo
À Eucaristia Nova.
Mestre da Paz, ergue teu gládio ungido,
Excalibur do Fim, em jeito tal
Que sua Luz ao mundo dividido
Revele o Santo Graal!

Retirado do livro "Mensagem", de Fernando Pessoa
Poema da foto: Sílvia Goulart

sábado, 4 de dezembro de 2010

Amantíssima mãe das cadelas




Protege o meu andar
Ó santa virgem.
Envolve com seu manto
Todas as putas mães
Resignadas ao calvário.
Pinga sobre o meu olho
O óleo perfumado de lótus,
Ó amantíssima mãe das cadelas.


Sílvia Goulart

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O rito


O rei enamorado
Ardorosamente
Deixa-se domar.
Há lenta dionísica
Revolução.
O lar receberá
O novo amoroso másculo.


Marcus Minuzzi


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A amizade


A fonte onírica do mito artisticamente produz a beleza. Como um radar que capta ondas poéticas, o poeta e futuro jornalista João Damásio da Silva Neto intrigou-nos e adulou-nos com frequentes comentários aos posts deste blog.

Por sua fonte secreta, que celebra a musa longínqua, as palavras de João são força para a roda que mantém o rito de nossa artística pintura do novo mito brasileiro.

Na foto, a camiseta d'A Negra Ama Jesus que João usa foi ofertada em agradecimento à poesia que nos permite perceber toda sua sensibilidade.

domingo, 21 de novembro de 2010

O noivado




O noivado longínquo
Com a deusa mais bela.
Me apaixonei
Pelos teus pés, Tininha.
Vou camonianamente
Te redescobrir,
Pousar meu verbo
Sobre teu bento pasto.
O ovário nos batizou.
O ouro rosa benze
Nossa poesia amada
Por quem
Pressente o Brasil.


Marcus Minuzzi


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O encontro


Aprendi num instante
O belo modelo
Do ser.
A conexão que instaura
Um complexo e revelador
Encontro.
São ondas paradisíacas,
Almas de senhoras bentas
Acolhendo-me ao altar.
O portal divino das Mães
Enfeitado de tulipas
E lírios frescos.
Neste lugar,
Meu sossego.
Rezas benditas,
Luzes banham
Meus montes e calvários.
O céu está
Dentro.
Estou em graça.


Sílvia Goulart
Poema da foto: Sílvia Goulart

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Oramento


Ah, Tininha.
Louvações do Santo Cristo.
Não quero outra coisa
Que não nossa Santa
Força olímpica nupcial.
Vendo tua morte
De tão perto,
Secretei o meu poema inteiro.
A beleza musical do Brasil
É uma força
Genitalmente erguida.
A pomba a tua escrita
Abençoa com a prece
Mais tropical de Dionísio.

O remo a olímpica forma lembra.
O meu Oriente: boas núpcias.
A dona de meu bom menino,
O destro medo.
Erê orna a fronte terna de meu arco.
A olímpica força Erê acende.
O oramento ora em beleza antiga
Imensa e brasileira.


Marcus Minuzzi
Poema da foto: Sílvia Goulart

domingo, 14 de novembro de 2010

A dor



Ó meu Deus,
Por que mereço este castigo?
Recebi de suas mãos
A arte.
Estou com medo, meu
Senhor, ando perdida.
Quero casar-me
Novamente com a criação.
Preciso estar
Em flor.
Em frutos.
Em obra e graça.
Sou filha do sonho
Feliz de uma criatura
Em movimento.
Sou uma descoberta
Espinha dorsal
De anjas
Que aninham
Os sonhos da cidade.
Abelha,
Com ferrões
De ouro
Para capturar
Uma partícula
Doce de criar.
Bocas e narinas
Reluzentes.
Ó senhor, quero
Pintar
Com meus dedos
Ansiosos por
Verdes cores.
Mansas poesias
Não saciam
Meus anseios.
Quero o retrato.
Quero a lâmpada,
Quero a janela
Aberta
Com meus olhos
Fundos.
Pertenço ao lado
De lá.
Busco o que
Não vejo.
Estou onde
Ninguém está.


Sílvia Goulart

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A perfeição


A sapiência erotiza a moça
Mais que o fruto de seu corpo.
O alimento em corpo leve.
O louvor à mítica legião
De moças irmãs do verso sereno.


Marcus Minuzzi

Poema da foto: Sílvia Goulart

sábado, 6 de novembro de 2010

A revolução


O menestrel rezou para Ogum
E aceitou fazer a revolução em teu nome:
É forte meu peito.
A oração em corpo fechado
Alimenta o despertar do lindo arqueiro.
A Ema Maria do Cerrado domina o ritmo.
A onda musical
O Erê bento fruto do mato ensina.


Marcus Minuzzi

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O moço loiro


Pai preto
De altas ondas,
Mechas de captação.
Ciência.
Ofício de rei.
Mestre sonoro.
Sua sapiência
Desloca
O universo.
Brota o coração.
Homem materno.


Sílvia Goulart

A ritualidade olímpica




O livro aberto de Cora Coralina orienta o avanço da poderosa graça feminina sobre o Brasil.

Montagem com poesias, música, fotografias e pinturas produzidas no espaço mitológico do guerrear divino entre Sílvia Goulart (Dona Deusa) e Marcus Minuzzi (o Boi Arteiro).

domingo, 31 de outubro de 2010

A mulher


O par de brincos que Tininha usava quando a conheci eram Juliana e Alice. O meu livro começava a ser escrito. Passaram-se 15 anos: a menina do meu bom segredo. Menino, Erê dentro de mim sonhou com o par perfeito. Donde o meu coração de índio ficava caladinho perante a roda do mundo. O artista fornece o brinquedo: roda do mundo é cachaça. Tenho medo de paraíso que não seja perdido.

O tempo vivido nu cria um coração brasileiro. O rei menino aproxima seu gosto por o ouro a milhões de quilômetros do gosto por sexo novo.

Foi por causa de Tininha que tive ternura no pedaço de meu corpo mais feroz e demoníaco.


Marcus Minuzzi

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A sereia


Espero a correnteza
Das águas
Para purificar meu ser.
Batismo cristalino
De ondas e sal,
Entre mariscos
Alaranjados.
Ah! Como preciso
Salgar meu corpo
Para encontrar
Minha alma.
Sou uma alga
Aninhada no plâncton
Entre pedras e corais.
Sou um pedacinho
De miniaturas e
Delicadezas ofertadas
À santa das águas,
O olho no fundo do
Mar.
A mãe benta
Quero ser.
Pingo de chuva.
Água doce e salgada.
Barco que se perde.
Ave marítima,
Esguia.
Supremo vegetal
Quero ser.


Sílvia Goulart

O coração coralino


O arco bordado do tempo.
A maturidade me alcança
Uma luz.
Estou sentindo a força
Espiritual das deusas
Da floresta.
Mãe que cumpre seu
Ciclo.
Mãe terra
Onde a energia
Brota na fonte.
Onde a beleza
É fulminante e
Gloriosa.
Ó alma feminina
Que me acompanha
Carregada de fortalezas
E orações benditas.
Sou a mãe do mundo.
Meus seios aleitam os
Filhos abandonados,
Mal queridos, despreparados.
A aura de mulher santa
Enobrece meu ser.
Sou instrumento de Marias,
Incessantes guerreiras,
Criadoras de tudo.
Mulheres de ferro,
Sou eu sua serva.


Sílvia Goulart

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O arco


Estou para seguir os passos de Deus
Em sintonia com meus ares
Mais longínquos.
A bela rainha
Que descobre o sereno pássaro.
O alvo de minha existência
Está no bater asas
E tecer com o bico.
Há um encontro lunar
Marítimo e próspero.
Uma revoada.
Uma âncora.
Acordo com o pássaro
A me abordar com
Seu bico dourado:
O espírito divino.
Sou antes uma menina:
Trancinhas bem feitas
Com óleo de mocotó
E cheiro de mãos
De uma vovozinha carinhosa.
Sou menina tão tenra
Sonhando com o planeta
Em festa.
Viagem na pedra grande,
Arcos e florestas no céu.
Sou apenas sonho e fantasia.
Um universo de tragédias
E alegrias.
Sou o mais feminino dos seres.
Sou a bênção matriarcal.
Sou multiplicadora
De encantos.
Minha aura anima
As filhas
De santas
E de putas.
Eis que sou instrumento
De liga terrestre
E celestial.


Sílvia Goulart


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre o porão na Casa Velha da Ponte




Por certo, aquele ambiente aquífero e sombrio já foi habitado por orixás. Aquela umidade benigna e curadora da floresta tem no cheiro a energia das santidades do candomblé. Santos do Brasil. Regentes deste povo mameluco e cirandeiro. Paizinhos e mãezinhas bentas. Rezadeiras perfumadas de ervas e unguentos sagrados. Escravas de carne macia, amas de leite, curandeiras e apascentadoras de desejos carnais. O oratório do Brasil começa na floresta, templo sagrado de pequenos seres vegetais. Índias e negras mães. Tapioca, acarajé, mama, mama. A oca brasileira, criada ali.


Sílvia Goulart


domingo, 17 de outubro de 2010

O novo mito



A forte mãe nos põe
Fortes e por mares
Longínquos navegamos.
A mãe faz a casa por
Tempo longo incendiada
O oco de seu fruto.
A forma paradisíaca
Representa o fim
Do bruto anseio.
A estrela a festa
A pontiaguda arte
Americana e dionísica
Torna olímpica.
A pobreza termina hoje
Por onde a poesia fala.


Marcus Minuzzi


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A bênção


Acaricia meu rosto, querido.
Pois que espero a tua
Suave e doce maneira
De olhar meu sofrimento.
Quero a bênção das estrelas
Para um dia só a seu lado.
Cobre-me de poesia
Encharcada de letras tontas
Bem desenhadas
Por teu sereno Dionísio.
Atiça minha artista
Com tuas decorações
Delicadas, de gênero feminino.
As sutilezas em cor-de-rosa.
O ato bendito de louvar
A mãe do cerrado.
Tudo está escrito em
Teu oratório.
Tua devoção é que te salva.
Salva-nos.
Eis que estamos na flor.
Chegamos no cálice,
Vamos beber o néctar.
Amar rezando
Por nossos dias.
Reverenciar o amor.
Recriar
A arte.
Estamos uníssonos
E serenos.
Me beija,
Que ilumino teu santo.


Sílvia Goulart

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Rodas de força Maria


O nevoeiro faz
A arte do Brasil
Povoar o tempo.
A esperança orienta
O moço sagrado
Filho de Maria,
Preta mãe de todos.

domingo, 10 de outubro de 2010

A guerra




Para a Sílvia


O erguido manto da verdade
Revela nossa cruzada
Pelo teu domínio
Sobre o arteiro boi dionísio.
A moça fia o tempo
De alimentar o boi
Com teu poder feminino
De portar a fonte
Do exitoso amor.
Tenho a banhar
Meu pontiagudo intento
O carinho de tua escrita
De polidas musas
Fascinadas por
Nossa cópula tântrica.
A oração da deusa
Torna o boi
A fecundidade olímpica brasileira
De um novo mito.


Marcus Minuzzi

sábado, 9 de outubro de 2010

A fonte de Cora Coralina



A arte goiana ama ser imaginada onde não existe. O amor sonoro da ema representa este lugar sagrado para o artista. A mulher ancestral que Cora Coralina canta em seus poemas amorosamente cuida do povo goiano devido ao caráter ancestral de sua cultura. O ouro goiano que o Brasil não explorou com a coragem bandeirante será descoberto sob a forma de música.

Ouvir é função do poeta. Com o mar como metáfora, Fernando Pessoa criou a musa generosa, mas exigente, que, ao final de longa viagem pelos abismos da alma, receberia os “beijos merecidos da verdade”. Pessoa corresponde à “cabocla velha de mau-olhado” que Cora Coralina dizia viver dentro dela.




O mito brasileiro de que somos um povo alegre e pacífico somente será compreendido se compreendermos que o mito cumpre o papel da arte inovadora, que perscruta o anseio do momento histórico por qual passa a coletividade. O povo amadurece em ciclos, que correspondem a períodos de intensa provação. Com o mito, o alimento ornamental é tecido pelo povo enquanto cordura característica apta a sonhar. Com o sonho, o longínquo se aproxima e encanta.

O jeito goiano de reverenciar o boi espelha-se na goianidade obscura que Cora Coralina visitava em sonhos. O boi ritualizado em Goiás perde o medo de encantar-se pela princesa. O homem noivo já existe. A arte o torna astro cobiçado. O jeito mundano desse moço é mariologicamente guarnecido. Apesar do mundo lhe pintar os pés de amarelo, ele cobre-se de branco. Há nesse homem pássaro a sombra de um medo. Seu coração de Cristo eleva-o. O guerreiro humano acende-se em pontos caboclos. No canto do sertão mítico, as águas voam.



O rock erige dionísios fortes. Mas o santo os abate, como galos no terreiro. Os americanos do norte criaram um músico regional – o negro inventor do jazz e do blues. O negro ativa um Homero incendiário, no sentido de alegre músico angelicalmente sonhado como estrela. O rito ardente de moças brancas que amam dionísios músicos de rock iguala-se em Goiás ao fenômeno da música sertaneja. O astro explode em milhões de seguidores. O nome do mito de ontem ativa o antigo rei lusíada. O manto de Dionísio amplia o seu rei jurado.


Marcus Minuzzi


sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O catavento


A esperança incontida
De passar os dias
Escrevendo sentenças
Vitais.
Tudo o que aprendi
No ato, no auge
Do sofrimento
A não escrita palpita
A dor.
Preciso dizer
O que nunca foi dito.
A crença da mulher,
O príncipe encantado,
Os sonhos impossíveis
Aflitos.
Confusões hereditárias.
Muitas lágrimas
Pelo caminho.
A vida retalhada,
Cada dobra,
Uma sina.
Aprendi o amor
Depois da cisão,
Quase uma sutura
Cicatrizada.
Quase perfeita.
O ato de refazer.
Este é o segredo da vida.
Aprendemos, mulheres da
Minha época, a costurar.
Pois nem todo o remendo
É mau sinal.
Aprendi a remendar
Com perfeição.
Costurei de ponta a ponta.
Refiz o amor.
Refiz minha união carnal.
Agora vou bordar com
Pérolas, pedrarias, linha
Cintilante amarela.
Agora vou dormir
Com ele.
Vou casar de novo.
Cresci.
Fui machucada.
Apedrejada.
Refiz.
Renasci.
Não tive juízo.
Fui sem limites
Na crença de ser mulher.
A dor doeu rasgando.
Fui despedaçada.
Refiz.
Renasci.
Montei, reformei o
Catavento destroçado.
Coloquei no ponto mais
Alto, para girar...
Está girando
A cada dia mais
Veloz.
Refiz.
Finalmente
Aprendi a remendar.


Sílvia Goulart


terça-feira, 28 de setembro de 2010

A boa hora



Que belo sol
Se abriu sobre
A copa verde
Deste menino rei.
Tenros fios
Jogados neste céu
De estrelas e
Bichinhos mágicos.
A sorridente vida
Que brota nas
Minas Gerais.


O maior ritual de vestir o bebê Raul, filho de Michelle e Rodrigo, se completa.

Em março, o "body" pintado e poeticamente assinado pel'A Negra Ama Jesus foi enviado de Goiânia para Belo Horizonte.

Agora, que o pequeno Raul já quase completa dois meses, a foto enviada por Michelle orna o nosso blog.

Temos a bênção de tornar o nascimento de uma criança um bem ornado ritual de aleitar o modelo fundamental do olímpico verso da deusa.


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A forte água mítica




1.
Menina além da dor,
Costura cigana.
O peito ornado por intocáveis ouros.
A mãe grega do americano Tejo.

Alimentas meu negro
Com dor artística.
Sou a alma musical do Brasil.

O negro avanço sobre teu leito,
A arte indígena.

O amor torna-se o bebê
Adornado de manto estelar.


Marcus Minuzzi




2.
Como em sóis,
És meu manto,
Meu delírio.
Sem fronteiras.
Sem rumo.
Ando a te buscar
Como a um gigante -
Másculo.
Olhos no cérebro,
Sois meu rei
Letrado.
Resumido
Em musical
Tragédia infinita
De samba
Sulino
E brasileiro.


Sílvia Goulart


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A bênção para Cristo Dionísio



1.
Oro por teus dias
Com desespero de loba.
Em tua cruz fixei meus bordados.
Andaluz,
Matéria escrita.
Novos ares
Em meu sertão.
Amor ao divino
E esculpido
Anjo.
És meu princípio
Masculino.
Onda de poesia,
Negro brasileiro.
Profeta sonhando
A floresta.

Sílvia Goulart


2.
O crescimento artístico
De um Brasil poderoso.
A vocação do monte pontiagudo,
Onde se amam os bentos frutos.
O ouro erguido entre monturos.
A aliança ornada de povos
Lembra o peneirar do Olimpo.
O negro adocica o lamento
E alimenta o menino.
A frondosa árvore a fonte
É do espírito.

Marcus Minuzzi


terça-feira, 14 de setembro de 2010

A oração que copula



1.
Cetro de saberes és.
O emblema comunicando
A graça do novo rei altivo
E portentoso,
De alma bem graciosa
E úmidos beijos ao amanhecer.
Serenai vossas vertentes filosóficas.
Multiplicai o desejo de vosso amor.
Estamos no ponto
Mais alto do
Alpendre de uvas
Rosadas e cheias
De sumo.
O gosto perecível
Apascentando a
Dor.
A consciência,
A palavra encantada
De todo o pensador.
Estamos à beira
Do riacho.
O sol guarda-nos.
Límpidas correntezas
Nos carregam.
Somos par.


Sílvia Goulart






2.
O ar imperial
Que todos queremos,
A dona da força
De ritos homéricos,
Da fundação de países.
O rei vassaldo aos teus pés.
A fonte nobre do país
São teus peitos.

A cor de tuas fantasias
Mais puras
A pureza mor mítica fortalece.
A fina literatura olímpica -
Se jarros a servem
Em forma de graciosa
Oração que copula.

Põe tua vulva onde
Toda minha firmeza de santo
Jorra conexões entre
Paz e revoluções.
Sou teu amado
Cristo Dionísio.
O formoso e esperado
Negro a quem tua marítima
Poesia se tece,
Como um véu de noiva.
A mãe geral do livro
Dorme onde a vigília
Panteísta é o sono.

Fantasia abre-se
Por toda a palavra
Orada pela ardorosa
Bruma.


Marcus Minuzzi


A conta coletora coletiva