quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O amor alimenta o poema


1.
A moça comigo brinca na relva.
Estou bento iluminado
Com o membro
Amando tesouros míticos.
O segredo é peniano.
Ora a moça numinosa.
A puta brincando serena.
A musa aleita a densa alegria.
Rapaz admirando a generalidade
Onde o santo goza.
A noiva ornada de brasileira,
Antiga, infinita rua.

Marcus Minuzzi


2.
O moço pintado de ouro desvenda
Minha selva quente e luminosa.
Ó antigo rei ornado
De espada e punhal ferozes.
Amantes de belos cortes,
São loiros de porte altivo,
Olhos de arcanjos
De perfeita forma.
Sois meu par.
Meu adocicado bento fruto.

Sílvia Goulart

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Divinópolis


Conheci uma dama,
Mulher de primeira linhagem,
Mãe de cinco.
Também sou.
Lido com farofinha gostosa,
Arroz e feijão bem feitinhos.
Cozinho meu amor em pratos
Bem feitos, amo o trivial.
Mestra em nome divino - Adélia -,
Minha filha nomeou.
Antiga conta de rosário,
Como o amor de Maria,
Seu poema me capturou.
A ela rendo homenagens,
Beijo-lhe as mãos e os pés.
Oro por seus versos.
Pinto com dedos leves
Suas palavras.
As mulheres damas honradas
São todas filhas de Adélia,
Matrona de todo ofício,
Mulher.
Glória, glória, Adélia Prado.
És uma rainha encantada.
Não a conheço de perto,
Mas sinto sua alma enfeitada
De flores brancas.
Pés bem lisos,
Olfato e puro sentido.
A bênção, Adélia.
A bênção.


Sílvia Goulart

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O beijo ondulante




Para o Marcus

O astro fecundante me tocou o sexo.
Estou a gerar a nova forma ovariana.
Estou noiva do rei.
Vou parir serena.
Sou filha de mamãe,
Santa sem manto,
Rapariga.
Benze minha flor,
Unta meu colo,
Livra meu calvário.
Sou meninazinha ainda tenra.
Sonho com teus belos cachos,
Adornos em minha vulva.


Sílvia Goulart


O astro fecundante



Para Sílvia

A doce moça úmida
E bela pintora de cabeças
Domina a bênção.
O monte de pedra
Ardorosamente ora.
O Brasil alimenta
O formidável medo
Do menino dentro
De um novo mito,
Forte e doce
Como a beleza dionisíaca
Da floresta bíblica e permanente
Dos profetas que falam
O forte alfabeto artístico
Da Ama Negra.


Marcus Minuzzi

domingo, 15 de agosto de 2010

O amor profundo da deusa


O gozo frutifica a carne.
Recria o manto amoroso da deusa.
Mãe velha,
Mãe benta,
Mariazinha da cachoeira.
Pequenina onda de cachinhos amarelos dourados.
Grande canto,
Eco da floresta.
Ninguém resiste ao te escutar a voz.
Sereia negra,
Branca, prateada.
Grandiosa prenda,
Vertente ejaculada.


Sílvia Goulart

Passar os dias vegetalizando o Cristo será o meu segredo bom


Povo, que ruim o teu destino, que doce o teu gosto. O povo reserva iguarias. A liga de teus cimentos, o laço dormido. Há, no esquecimento, um mérito: não vemos que somos, no fundo, o mesmo. O mesmo segredo.

Sou pessoa ordenhal. Ríspidos medos me criam. Sei que quero perdê-los. Mas eles me criam. Fragmentaram meu osso. Provei que possuo laço com dedos barrocos.

Meu "ser gauche na vida" foi ter amado o amor como amor de ordenha. Sempre há uma primeira espuma, branca, de sabor inigualável. A neve é branca, e as brincadeiras, assim como a paina.

Voar no estábulo, quietinho era eu. A voz, lento sinal. Viro poderoso mago, forte com a lentidão do espaço. Zeus trovão, não mais tenebroso te vejo. Laços menos divinos. O medo silencia. O mago homenageia teu espírito escrevendo, murmúrio de lágrimas. É metro o teu beijo.

Perderei meu jeito faraônico, de perder para o desejo de te enaltecer com templos. O meu tempo é casto de menos. Nada, no sagrado, avizinha mais do que perdê-lo.

O lábio pendido da moça molha meu verbo, o pinta. O pai sempre será segredo. Porém, perde seu padrão de fantasia quando a maior mulher de minha vida me denta com ardor minhas primitivas ânsias de ser homem primeiro, homem real.

Pus véu no meu sexo. Pai, não deixa olhar. O padrão vegetal de sacralizar merece respeito.

Passar os dias vegetalizando o Cristo será meu segredo bom, boa poesia, os anéis de meus dedos.


Marcus Minuzzi

sábado, 14 de agosto de 2010

O ainda secreto


Veja meu amor como é lindo crer
Na poderosa e transformadora força
Cósmica que ora se faz verdadeira
Por estarmos aqui.
Juntos.
Felicidade é só aquilo que pode ser
Tragado em pequenos espasmos.
É quando sentimos conforto em nossos
Periféricos e secretos desejos.
Não é o óbvio que nos faz felizes.
O ainda secreto e o mais sutil,
O desígnio angelical impelido pelas musas
Nos coloca na proa.
Agora vamos adiante.
Vamos sem medo.


Sílvia Goulart

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ao pai

O pai planta a forma
Do amado príncipe.
Ao pai cabe a espada
Do comando quase cruel,
Porque o pai amado
Fere
Com seu decisivo e
Supremo cajado.
O pai assim o faz
Com seus abençoados
Pés.
Seus serenos dedos
Esculpem o novo modelo
De amor.
Ao pai rendem-se todos os
Dias esperançosos de pão,
Vindouras alegrias do futuro
Traçado com seu bento suor.
Para o pai, a esperança do
Equilibrista.
A mão benta de uma mãe
Preta e terna.


Sílvia Goulart

sábado, 7 de agosto de 2010

A peneira


À Sílvia, maior mito tornado fruto


A destreza
Mítica
Torna
A
Musa
Fonte
De
Imenso
Gozo.
Eu
Planto
Na
Tropical
Floresta
A
Maior
Pátria
Onírica.
És
Mulher
Bendita
E
Meiga.

Forma
Pictórica
E
Ordenhal
De
Tântrica
Rainha,
Moça
Vinda
Do
Tempo
Vindouro.

Vinho
Da
Posse
Entronizada
E
Crística:
Medo,
Forma
Negra
De
Dionísio.

A
Peneira
Filetes
D´água
Oniricamente

Larga
E povoa
Este
Monte

Infindo.
A
Olímpica
Forma

Do
Brasil
Origina-se
De
Teu
Mênstruo.


Marcus Minuzzi


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pedra-sabão


Ensaboa com pedra-sabão
O quanto baste,

Para saltar
Teu nervo em flor.

Purifica teus cabelos.

Curva teu dorso
Até sentir dor.

Unta com óleo e cheiro
A fruta doce do seu Amor!


Sílvia Goulart

Coração solar da América



Cometa astrológico
Fazendo música
Mântrica que negrifica
O mor coração solar
Da América.


Marcus Minuzzi

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Oração dionisíaca


A deusa torna a vitória doce.
Oro dionisiacamente

Dono de minha
Deusa fonte lírica.

Nossa forte liturgia.
A meta intensifica o amor.

Moramos com tudo o que tenta
Pacificar o Brasil.

Somos pessoas alimentando
O febril modelo do trópico formoso.


Marcus Minuzzi

A conta coletora coletiva