sábado, 21 de abril de 2012

A loa para Milani


Hoje eu vi Oxum
Com seu tambor
Descompassado,
Encantando o
Terreiro.
Avistei sua luz
De Nega, fiel
Escudeira.
Seu reinado sufoca
O meu medo
De não ter quem
Me siga.
Libera, ó preta,
Esta moça que te cobre,
Esta força que te
Compõe,
Oxum guerreira.

Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

domingo, 15 de abril de 2012

A onda pensadora feminina


Sábia passarinha,
Onde vais com tuas graças?
A coroa, onda vaporosa e úmida
Que te cobre,
Lembra o Olimpo de prata,
Onda sonora.
Há música em teus ramos.
Iluminas a perfeição
Com teu vento.
Multiplicas versos.
A sabedoria poética
Que te cabe
Floresce e brota em tua
Copa.
Ó árvore nua,
Feminina andorinha,
Gentileza sábia de
Meu Deus.
Causa contida,
Teus cocares,
Tuas contas
Espalhadas,
Bicos maternos,
Anseios de mãe.
Floresta antiga.
Mata virgem.
És a amazônica porção
Do Brasil.
És ave bendita,
O que transforma
Tudo.
És o que não sabes,
Nem procuras ser.
Traço escolhido em sonhos.
Tua face espelha o logos
De Maria.
Ovários perdidos em teu
Cérebro governam o mundo.
Ó incessante busca de liberdade.
A mulher carrega a flor,
Nem anjo, nem bruta.
Quando pariu,
Nem sabia da dor.
Há uma estrela em teu olhar,
Seiva que molha teus filhos.
Benta rosa escolhida,
Ocultas o segredo
Maior.
A mulher não cabe
No espaço.
Espalha, ramifica,
Cresce e ordena.
Submete-se,
Dissimulada,
Envolve e
Mata.


Poema e pintura: Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

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