domingo, 30 de janeiro de 2011

A ama


Vejo em ti a mãe,
Que é meu modelo,
E quero ser teu
Menino pequenininho.
Estou depurado
E pronto para voar.
Estou sem a angústia
De Carlos,
Recuperado
E cabendo de novo
Nas Minas Gerais.
Me perdoe por não
Ter te ofertado
Ainda todo meu ouro.
A lembrança obscura
Da onda maligna.
A minha ressurreição
Enquanto dardo
De música divina.
A cartografia
Do humano rito
De precisar queimar
Pulsões no inferno.
Tudo isso é polir
Uma profecia
Bastante brasileira:
A Negra Mãe
Que ama pontiagudas
Formas de aleitar seus filhos
Acorda-nos para
A beleza do mito,
Do bondoso
E divino peito.
Estou a brincar
No teu pasto,
A pôr meu lábio
Em teu bonito seio,
Com letras brotando
De meu prometido gozo.
Agora,
A bruma finalmente
Me abençoa,
E não desejo
A mulher nua.




Poema e fotos:
Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

domingo, 23 de janeiro de 2011

Uma esquálida ave marítima



Fisgada na essência
Da seiva amarela,
Cruzo o oceano aberto
Como um véu celestial.
Ordeno em ondas os
Filetes d' água pura...
Me banho em gotas
De pedra anil.
Sou navegante.
Movimento meus quadris
Em direção ao cais.
Me orienta ó mar!,
Que eu carrego uma
Cruz verde-esmeralda.
Quando o último e
Agudo apito soar,
Serei eu uma esquálida
Ave marítima.

Poema e pintura em camiseta: Sílvia Goulart
Fotos: Marcus Minuzzi


domingo, 16 de janeiro de 2011

As veneráveis damas



Das muitas faces da mulher,
Escolho aquela que assusta,
Aquela que chama uma rainha grega.
A força uterina de angelical arranjo
Provoca no masculino o pavor
E o enamoramento.
Somos ocultas e profundas.
Perigosas sutilezas
Nos colocam no pedestal de damas
Ornadas para dirigir
O desejo masculino.
O comando matriarcal
Governa com o centro
Ovariano.





Poema:
Sílvia Goulart
Desenho: Sílvia Goulart
Pintura do desenho: Tomás Goulart Minuzzi
Fotos: Marcus Minuzzi

sábado, 15 de janeiro de 2011

Indecentes Palavras

A poesia d’A Negra Ama Jesus foi gentilmente acolhida pelo blog “Indecentes Palavras”, da escritora e psicanalista Adriana Bandeira, de Montenegro, Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

1 ano do blog d'A Negra



O blog d'A Negra está completando um ano de existência. Desde o primeiro texto aqui colocado, em 12 de janeiro de 2010, até hoje, foram 118 posts. Queremos, antes de tudo, agradecer aos nossos leitores e seguidores.

A fonte mítica revela a poesia de um novo amor.

Para marcar a ocasião, publica-se abaixo a homenagem feita ao projeto d'A Negra por um leitor fiel, o também poeta e futuro jornalista João Damásio da Silva Neto. Obrigada(o), João, por apostar na poética esperança que acreditamos levar ao mundo.

Sílvia Goulart (Dona Deusa)
Marcus Minuzzi (Boi Arteiro)




Da mão d'A Negra Ama Jesus



Lá do monte longínquo,

Desce a estatueta reluzente.

Orno meus olhos a provocar um despertar.


Na noite de um campestre dia,

A flor favorece a fresta d’alma.


N’A Negra mãe,

O dilema freudiano,

O menino,

O rei engalanado,

As moças,

E o deleite fadado.


Tribos, raças,

Cores, luzes,

Casas,

A casa.


O grande é sistêmico,

Aplaudido pelos inconscientes

Dos inconsistentes.

Refutado na forjada gente.


O fruto plana sob traços,

Sobre passos.

Perdidos,

Achados.


E da janela,

A porta de Nárnia,

Embaçada pela espuma Afroditiana,

E apetecida pelo drama de Penélope.

Caos farturento de resplandecentes luzes.


Na hora de saciar, o gozo vem neutro;

Avantajado no cômodo berço;

E escorado no ensejo;

Frondoso quanto Tejo.


João Damásio da Silva Neto



domingo, 9 de janeiro de 2011

A acrobata


Sublime acrobata,
Âncora de Deus.
Pernas e braços
Fortes.
Tua boca africana
De fartos lábios,
Ó negra.
Alicerce feminino
E brasileira
Onda de alegria
E carnaval.
Já sugaram teu leite.
Machucaram tua face.
Que negra
Sou a te beijar o ventre.
Somos filhas.
Somos irmãs.
Mulheres todas
Nascidas
De tua cor.





Poema: Sílvia Goulart
Desenho: Sílvia Goulart
Pintura do desenho: Tomás Goulart Minuzzi
Foto: Marcus Minuzzi

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O peão bruto


A mãe preta do meu amor artístico
Pelo Brasil me salvou da morte.
O longo rito de oferenda
Que é minha vida.
Mãe austera, que ama bordar.
A força olímpica me revela o peão bruto:
Construí minha própria casa.


Marcus Minuzzi

A conta coletora coletiva