segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Pequenina e bela flor do sertão


Quando pinto,
Bordo a flor
Amarela.
Meu sertão
Com belas fontes
E coberto por árvores
De copa grande,
Onde se alcança o céu.
Há um amor
Sertanejo a
Me rodar as saias,
A agitar meus longos braços.
Me carrega de flor em flor.
Ó cálice sanguíneo
E puro,
Ó sonoro passarinho
A cantar com seu bico
De barro.
O jatobá me acolheu à sombra
Na hora mágica em que
Me perfura a
Alma.
Antigo sertanejo
Me carrega
Em seu laço.
Os beijos tem
O gosto de
Uma manhã
Chuvosa de verão.
Me banha em seu sol.
Sou pequenina e bela
Flor do sertão.


Poema: Sílvia Goulart

sábado, 6 de agosto de 2011

A sabedoria é a persistência da alma



1.
A sabedoria
É a persistência da alma.
Acolho meu ardoroso
Sonho de ser bonita.
Moça de mãos macias
E seios bem feitos.
Flor em frescas fontes.
Meu ato bendito de
Louvar a mãe da beleza,
Senhora das deusas,
Coroa divina
De bentas uvas.
A serenidade da manhã.
A “maneirinha” pena
Em voo pleno.
Dedos finos de tocar cítara.
Ecos da montanha infinita, a penugem do albatroz,
A cor do corpo pintado das
Índias.
Beiju alvo espalhado na esteira.
Emoção de raiz segura.
Manto de santa
Em azul celeste
E rosa bebê.
Sumo de cajá-manga
Encontrado na sombra,
No brejo.
Castanha, caju fresco.
Cheiro de matricária seca.
Macela.
Hortelã.
Mato.
Uivo de lobos.
Pássaro cuidando ninho.
Meu paraíso biodiverso não cansa de existir.
Tecelagem de maricotinhas,
Flores de plástico,
Homenagens póstumas de viúvas.
Cheiro de vela amarela,
A beladona exalando em noite de verão.
A sedução da existência
Habita em mim.

Sílvia Goulart


2.
A deusa
Só interioridade
Profunda
Adensa-me
Na ternura
Morena de seus
Brejos.
A oração intenta
Uma doçura arbórea,
Onde se colhem as uvas.
A menina é benta
E artista.
A mãe que ama
A ordenhal escuta.
Lendo-te
A orar à fonte
Abissal
E aborígene
Em acordes
De cítara,
O oculto
Reino do abacate
Arde e oleosamente
Sonha,
Afortunado.
O medo de Maria
Acena com
O pomo alongado
Que corteja
O ovariano
Segredo.

Marcus Minuzzi





Pinturas: Sílvia Goulart
Fotos:Marcus Minuzzi

O feminino ouro de Dionísio




O alimento poético
Arde americanamente
E lembra a fonte indígena.
O fio artístico inventa
Um forte e novo amor ao mito.
A brasileira altura
Do feminino ouro de Dionísio.

Poema: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

A conta coletora coletiva