sábado, 4 de maio de 2013

A Beleza Cabocla

Espero que a tarde
Não finde meu tempo.
Busco todos os dias o meu ouro, meu incenso.
Arco de plantas perenes.
Meus metais,
Minhas forças construídas
Como rocha.
A luz que molda os cantinhos
Da cidade, os muros, as praças,
E mostra o que se esconde
Das pessoas que passam sem
Perceber os calangos e caracóis
Que habitam e passeiam entre nós.
Espero que não demore
O tempo de colher.
Que a luz vertida
Nos acompanhe
Nestes becos.
Espero em versos e orações
Que a humanidade cresça
E possa passear com as
Borboletas.
Que veja o que vejo
Nestes ruazinhas do
Brasil antigo.
As marias-sem-vergonha,
As flores tímidas,
A seca.
O sol quente,
A beleza cabocla.

POema: Sílvia Goulart
Foto: Internet

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Paz Da Terra





O artista que domina o medo de amar eterniza-se.
A ferocidade sonha um mito.
Eu sonho com o gado humano a virar povoação
Iluminada pela bênção da arte.
Encolho até o menor lugar
Que posso ocupar no mundo,
Sem o tamanho absurdo e cruel
De meu desejo.
Recolho todos os ferozes animais
Que vociferam por amanhãs
Pouco pobres e menos crísticos.
A beatitude arde amorosamente,
E já posso emocionar-me
Onde permaneço através de meus filhos.
Há uma cobra enrolada por meus textos,
Que já pode passear pelo mundo,
Sem representar perigo.

Poema: Marcus Minuzzi
Pinturas: Sílvia Goulart

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A Encantada Estrela Feminina



Qual é o perigo do mar?
A onda que me pega,
Iemanjá vem me salvar.
Estou ancorada e úmida!
Solta!
A onda minha.
Minha onda.
Sereia do mar.
Errante sou.
Navego altiva.
Minha santa,
Não nega!
Ando a coroar estrelas,
Sou sereia do mar.
Brinco em teus castelos.
Afundo e habito corais.
Iemanjá vem me
Buscar.





pOema: Sílvia Goulart
foTo: Marcus Minuzzi
fontE: o tEsouro mÍtico d'A Negra Ama Jesus



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Homem Ema




Homem ema.
Ema sonora,
Sereia anímica.
Ema onde Goiás sensualiza
O panteísmo criador.
Rota laranja cordelina
Cantada com fogo.
End of the line
É fim de liga
Costurada entre os homens.
O beijo de moça governará o povo.

piNturas: Sílvia Goulart
poema e fOto: Marcus Minuzzi
fonTe: o tEsouro mÍtico d'A A Negra Ama Jesus

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Brotação



Pega de galho,
Nasce da gema,
Dá na nascente,
Cresce em lua
Nova.
A planta que
Medra,
Arruma lugar.
A flor de botão
Que espia faceira.
Espocam sementes,
Boquinhas carnudas,
Ondas sinuosas,
Trepadeiras.
O cheiro perfumoso
De Dona Guiné,
Defesa de moça donzela,
Arma de Zezé!
Boldo também é cura.
Arruma-se a terra,
Enterra seu pé.
Debaixo das folhas,
Sente bem meu amor,
O cheiro que dá.
A vida que brota,
Caramujos, minhocas,
Decomposição.
A terra úmida
Recebe o grão,
Brota a fartura,
Sonha o pão.
A terra cheirosa,
Prazer de sulcar,
A água que verte,
Sumo que jorrra,
Araçá.
Veja a romã,
Grumada e rica.
Couve que sara,
Traz sorte e riqueza.
A planta que cresce,
Maçanilha, matricária,
Chá de bebê.
Deu flor, é fecunda.
Sorte do quintal,
Onde a semente afunda
Em pote de barro,
Jarro, latinha, brejo.
Sem água não vinga.
Cheiro de chuva,
Tudo cresceu.
Jasmim com botão,
Camélia cheirou,
Enlouqueceu.
Botou cacho, botou flor.
A moça pegou,
Casou,
E reviveu.

Poema: Sílvia Goulart
Fotos: Marcus Minuzzi

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Duas aves no mesmo lugar



Sem mais que delírios,
Esperando a sorte chegar,
Em bolinhas de ouro e prata.
Esperando sentir a força
Nobre do moinho em movimento.
Chuva e gosto de araçá.
Árvore verdinha e poço cristalino.
Duas aves no mesmo lugar.
Beijinhos de filhos, filhotes de mãozinhas
Gordas furadinhas, cheirosas de leite e
Pão.
Saudades de conquistas,
Pedacinhos de realizações.
Mansas ondas de estar sereno.
Contido.
Estar rezando para o bem.
Vivenciando o bem.
Amando a todos sem barreira.
A todos mesmo.
Ao mesmo tom, ao ouvido aberto
Para uma nota sonora, docinha
Cantiga de beata evocando Nossa
Senhora.
É neste lugar que guardo
Minha alma silenciosa.




Poema: Sílvia Goulart
Fotoss: Marcus Minuzzi

A conta coletora coletiva