domingo, 26 de dezembro de 2010

O Cristo andrógino



O meu pranto
Sai do vento,
Soprado por líricas
Mamães abençoadas
Que me acompanham e
Sabem que aqui é
Lugar de padecimeto.
Pinto de verde e rosa
Meu portal terrestre.
A coroa de Cristo
Me cabe.
Como serva, recebo a dor.
Pinto meu solar amadurecimento
De enfeites e guirlandas,
Sou um lento catavento.
Aqui nesta obra feminina,
Acolho com meus versos
Todas as mães da poesia.
Pinto a flor amarela.
Busco o sol do meio-dia.
Ajusto pedra, pó e cantinhos floridos.
Acordo com meu pássaro livre.
Reverencio o dia
Para bendizer meu amor.
Aqui neste lugar de incertezas,
Sou soldada e guerreira
Da história.
Uma mulher com apitos,
Fendas rompidas e
Fortes alegorias.
Força máxima, ovários em flor.
O Cristo andrógino.


Sílvia Goulart

Um comentário:

  1. As cruzes arremessadas,infinitas faixas, tecido que faz unguento de toda a partição.Parto é dor e segredo,é toda a salvação.Flores no seguir da viagem...pés no caminho que faz o chão.Ovários são vogais inteiras de... enunciação.
    abração
    adriana bandeira

    ResponderExcluir

A conta coletora coletiva