domingo, 14 de novembro de 2010

A dor



Ó meu Deus,
Por que mereço este castigo?
Recebi de suas mãos
A arte.
Estou com medo, meu
Senhor, ando perdida.
Quero casar-me
Novamente com a criação.
Preciso estar
Em flor.
Em frutos.
Em obra e graça.
Sou filha do sonho
Feliz de uma criatura
Em movimento.
Sou uma descoberta
Espinha dorsal
De anjas
Que aninham
Os sonhos da cidade.
Abelha,
Com ferrões
De ouro
Para capturar
Uma partícula
Doce de criar.
Bocas e narinas
Reluzentes.
Ó senhor, quero
Pintar
Com meus dedos
Ansiosos por
Verdes cores.
Mansas poesias
Não saciam
Meus anseios.
Quero o retrato.
Quero a lâmpada,
Quero a janela
Aberta
Com meus olhos
Fundos.
Pertenço ao lado
De lá.
Busco o que
Não vejo.
Estou onde
Ninguém está.


Sílvia Goulart

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