quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sobre o porão na Casa Velha da Ponte




Por certo, aquele ambiente aquífero e sombrio já foi habitado por orixás. Aquela umidade benigna e curadora da floresta tem no cheiro a energia das santidades do candomblé. Santos do Brasil. Regentes deste povo mameluco e cirandeiro. Paizinhos e mãezinhas bentas. Rezadeiras perfumadas de ervas e unguentos sagrados. Escravas de carne macia, amas de leite, curandeiras e apascentadoras de desejos carnais. O oratório do Brasil começa na floresta, templo sagrado de pequenos seres vegetais. Índias e negras mães. Tapioca, acarajé, mama, mama. A oca brasileira, criada ali.


Sílvia Goulart


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