domingo, 18 de setembro de 2011

Ora pro nobis



1.
Ora pro nobis.
Conta pequena,
Ora por nós.
Pequenas meninas
Do silêncio,
Da sutileza,
Da hora das virgens,
Pequenina onda
Que nasce em Roma
E cresce entre as
Pedras da serra santa.
A luz do candeeiro
“Alumeia” nosso
Ventre habitado
Por flores cheirosas
Cheias de espinhos.
Alivia as dores
De nossos pés
Secos, machucados,
Cheios de fendas.
A miragem
Coberta
Pelo véu de seda
Esconde a janela
Da dama
Cor de bronze.
Ora pro nobis.
Benze quebranto,
Quebra feitiço,
Unge teu pranto,
Que somos
Continhas miúdas
A reluzir no oceano.
Água que verte,
Que corre em direção
Ao rio dos prazeres.
Acorda, Maria.
Teu santo cresceu.
Teu ventre de ouro
Abriu a comporta
Do mar.
Conchas, estrelas,
Cavalos-marinhos.
Escuta a manhã,
Banha-nos com teu
Silêncio.
Boa alvorada,
Te encontro
Na fonte.
Meu pássaro
Guerreiro é
Teu sábio retirante.
Abençoa meu nome.
Ora pro nobis.

Sílvia Goulart


2.
Há meu hímen no ouvido,
Que custosamente vai se rompendo.
A força peniana que o rompe
Advém de Maria.
Ergo o véu de meu enfeitado
Rei poeta.
Sua pintura do paraíso é
Brasileira.
O amor negro que amansa
O rito de roubar belezas.
Meu erê bento ouve o denso
Acordar do menino aborígene
Homero.

Marcus Minuzzi


Pintura: Sílvia Goulart


Um comentário:

  1. Ora pro nobis para que compreendamos ao menos a dimensão do mito.

    Pintura muito significativa pra mim. Poesia casada muito ampla pro meu entendimento, na verdade, rs. Mas toca 'epicamente'.

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