sexta-feira, 24 de junho de 2011

Crioulinha


Crioulinha tropeça
Em minhas contas
De aprendiz.
Ando a desconcertar
Minha alma
De menina feia.
Sonhos impossíveis
Com o dedo brilhando,
Ouro cobrindo
Meus retalhos.
Perfume umedecendo
Minhas coxas
Escondidas
Em seda amarela.
Ao meu redor
Reproduzo o mundo
Obscuro e secreto
Das musas.
Crioulinha
Sente a fineza
Da louça de porcelana.
Seus lábios
Sãos os meus.
Suas falas
São as minhas.
Sua bênção
Para meu caminho.
Em suas mãos
Confundo os ares
Sulinos, confio
Em suas preces,
E antes de tudo,
Em suas promessas.
Riqueza,
Pureza,
Boa vida,
Longevidade,
Arte em meu ofício.
Serei minha querida
Crioulinha, uma anciã
Feliz.
Uma mulher refeita
Do barro,
Da lama.
Serei ainda
Uma pedra grande.
Uma rocha
Alquímica.
Uma poeira
De beleza
Cósmica.


Poema e pintura:
Sílvia Goulart
Foto: Marcus Minuzzi

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