segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Alforria


Estou amando
Essa mulher
Como amo o rito
Do samba.
Há um prazer muito
Íntimo,
Uma sonhadora
Admirável
Que me orna
De alforria
Discreta,
Mas inabalável.
Tenho
Um pai jurado,
Fortalecido
No Olimpo brasileiro.
Amo esse medo
Que me proporciona
O samba,
De tecer
E tornar a tecer
A realeza
Que foi minha,
De eu menino.


Meu mito não é o de um ser
Facilmente amoroso.
A menina que há
Tanto tempo
Anda comigo,
Sabe.
O Brasil
É respiração
Dionisíaca
Que poderosamente
Encanta
Com seu fogo
Amável, alto,
Puro
E sincero,
Artifício
Inteligente
Da
Eternidade feminina.


Esse
Quadro
Mesmo,
O mais
Recente
Que Sílvia
Pintou,
Agora
À minha
Frente,
Fornece
A
Amorosa
Visão
Do
Rito
Ovariano.



A negra
Irmandade
Não
Quer
Para si nenhuma
Ponta de reconhecimento.
Amamenta
O terno boi
Brasileiro
Com a literatura
Mole
Do reino úmido
Que,
Em Goiás,
Gerou Cora Coralina.
Ponho meu
Ouvido,
Sílvia Cristina,
Em teu
Bico de seio,
E Pernambuco
Se põe em posição
De uma força
Materna glosadora
Do novo mudo.


Oro à mãe
Por teus poemas,
Pés de fruta,
Amante que sou
Do livro
Eterno
Rico
E
Formoso.
Limo
A pobreza
Que amei
Um dia
E que
Representou
O andrajo
Do poeta
Solitário.
Há boninas
Perfumadas
Sobre o monte
Da Vila Rica.




Poema e fotos: Marcus Minuzzi
Pintura: Sílvia Goulart

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A conta coletora coletiva