domingo, 15 de agosto de 2010

Passar os dias vegetalizando o Cristo será o meu segredo bom


Povo, que ruim o teu destino, que doce o teu gosto. O povo reserva iguarias. A liga de teus cimentos, o laço dormido. Há, no esquecimento, um mérito: não vemos que somos, no fundo, o mesmo. O mesmo segredo.

Sou pessoa ordenhal. Ríspidos medos me criam. Sei que quero perdê-los. Mas eles me criam. Fragmentaram meu osso. Provei que possuo laço com dedos barrocos.

Meu "ser gauche na vida" foi ter amado o amor como amor de ordenha. Sempre há uma primeira espuma, branca, de sabor inigualável. A neve é branca, e as brincadeiras, assim como a paina.

Voar no estábulo, quietinho era eu. A voz, lento sinal. Viro poderoso mago, forte com a lentidão do espaço. Zeus trovão, não mais tenebroso te vejo. Laços menos divinos. O medo silencia. O mago homenageia teu espírito escrevendo, murmúrio de lágrimas. É metro o teu beijo.

Perderei meu jeito faraônico, de perder para o desejo de te enaltecer com templos. O meu tempo é casto de menos. Nada, no sagrado, avizinha mais do que perdê-lo.

O lábio pendido da moça molha meu verbo, o pinta. O pai sempre será segredo. Porém, perde seu padrão de fantasia quando a maior mulher de minha vida me denta com ardor minhas primitivas ânsias de ser homem primeiro, homem real.

Pus véu no meu sexo. Pai, não deixa olhar. O padrão vegetal de sacralizar merece respeito.

Passar os dias vegetalizando o Cristo será meu segredo bom, boa poesia, os anéis de meus dedos.


Marcus Minuzzi

Um comentário:

  1. POESIA. Poesia me parece bisturi que reforma a alma, às vezes com muita dor.
    Por que sempre ficamos por entender as expressões na composição da poesia?

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