domingo, 28 de março de 2010
Sorvete de abacate
Desmancha-se
No
Quente.
Quer um
Consolo?
Espera
Um primeiro
Ar
E delicia-te
Com
Um sorvete.
Se possível,
De abacate.
Teu prazer
É um riso.
Não
Envergonho
Se lambo
Os dedos
E açucaro
Os lábios.
Sabor
Bom
De abacate.
Verto
Pelos
Olhos
Agora
Uma água
Doce.
Ninguém
Morre
Mais.
Lambo
Os olhos.
Lambo
Os dedos.
Mereço
Esse
Beijo
Que um
Abraço
Apertado
Me traz.
Boa
Boca,
Vêm lábios
E sabedorias
Astrais.
Cala
Com
O quente.
A paz.
O segredo
No teu
Ouvido
Sussurado:
"A sós
não estás."
Este
Segredo
Consola-te.
Vida
Boa
Na origem.
Perdoa
O que
Provocou
Tanta
Morte.
Inebria-te.
Logo,
O coração,
Sorrateiro,
Esquece.
A vida
Do homem
A vida
Esquece.
Estou
Morto
Como
Se
Tudo
À minha
Vida
Voltasse.
Dou
Sete passos
E uma
Volta.
Sou
Inteiro.
Meu
Sexo
(Segredo)
Vibra
E goza.
A sombra
De ser aceito
Pelas
Vinhas
Do desejo
E ao
Sabor
De um
Sorvete
De abacate.
segunda-feira, 22 de março de 2010
sábado, 20 de março de 2010
A estética guerreira
quarta-feira, 17 de março de 2010
Destruo vilezas
sábado, 13 de março de 2010
Calada colorida negritude
Negros, origem musical do mundo.
Camonianamente,
Podem ritualizar
A invenção do Brasil.
Camonianamente,
Ampliam o horizonte
Totalmente
Tropical e amazônico.
A semente farta
Tantas vezes amorosa.
Olhos cor de diamantina
Formosa redenção.
Malemolência na definição
Da rara
Tonalidade adocicada.
Lenta nova nação
Tantas vezes
Homericamente
Revelada.
O coletivo,
O artesanal trovador.
Na ternura dos olhos
O Cerrado nos ilumina.
Calada colorida negritude
Ante o medo do fim de tudo.
quinta-feira, 11 de março de 2010
O começo amoroso
Enamoramo-nos recentemente por a densa e maternal possibilidade de ornar a peça artística d’A Negra Ama Jesus mais ritual de todas, desde nossa fixação em Goiás. A passagem de um mito a outro sempre acontece de modo artístico. A brasilidade estende-se ao longo do país por meio de rios sem leito nem curso, apenas rumor. Como gaúchos, alegra-nos cortejar as musas de outros antigos eixos da língua brasileira. A essência da língua é a música. O amor homérico é que faz o alimento da nação.
O que uma mãe nos encomendou foi a pintura de uma peça para o enxoval de seu bebê, que ainda está no ventre. Michelle, a mãe, e Rodrigo, o pai, moram em Belo Horizonte. O rito de tecer bordados faz o trabalho d’A Negra Ama Jesus assumir uma dimensão mítica vasta onde o coração enamora-se.
Um dos versos inscritos na peça ornadamente diz: "O ouro Maria onírico: sonho aquífero de um marial colado ao umbigo”. O aquífero ondula. Representa o pranto do Brasil profundo, onde a materna mansidão anseia pela olímpica paz entre os povos que, de modo violento, se miscigenaram para formar o país.
O antigo sonho de independência ainda estampa a bandeira de Minas Gerais. Se o litoral brasileiro toma para si a forma arcana do novo mundo que aqui se constitui, temos que o interior do país ascende a uma condição ainda mais revolucionária, por ostentar o novo de modo ainda mais absoluto.
Cora Coralina está entre o ouro mineiro e o goiano. Representa, no panteão da poesia nacional, a grande voz esquecida. A bondade canta em seus versos. O “ouro Maria onírico” corresponde à capacidade de não perder a beleza do que se sonha, mesmo em meio ao lixo.
O rito de bondade em torno de um recém-nascido envolve cobri-lo de ouro. O “body” que o bebê de Michelle e Rodrigo vai usar sonha com o coração de ouro de um Brasil materno. O nascimento do anjo menino, que João Guimarães Rosa profetiza através de Diadorim, em “Grande Serão: Veredas”, apascenta o medo de um novo mundo. Modernamente, a tropa de meninos alimenta-se da pastagem dionisíaca: a vontade de criação olímpica.
Poema inscrito na peça:
O ouro Maria onírico: sonho aquífero
De um marial colado a ouvido.
O parto amoroso e lírico.
O ventre bom do meigo alimento lácteo.
O mineiro pasto da criação que desceu.
A bênção do céu.
quarta-feira, 10 de março de 2010
O lírico batismo ovariano
Soltas um medo, origem veloz.
Arrastas certezas,
Oitocentas negras plúmbeas,
Atitude altiva.
Meu pomo nupcial vende-se
Por teu bico de peito.
Ó laço e beijo.
Ó mucosa vista como preta saia.
A pluma acorda com ruídos de lata na cabeça.
O cordão angélico cresce,
A soldadesca feroz não tem braços fortes,
Mas centos de pequenos homens alimentando-se.
Ó laço da moça luxuriosa.
Carne de bandido.
Cedros no lugar de tornozelos.
Teu húmus dá vontade,
Teus peitos, como uma cobra,
Gostam de comer ovos no ninho.
Sou arquiteto de um sambódromo luso-brasileiro.
E doces de rito, homenagem e espanto,
Ordenharemos as lágrimas que anunciam
O lírico batismo ovariano:
Seremos o louvor ao pé de carne e glosa
De o nosso povo.
domingo, 7 de março de 2010
sábado, 6 de março de 2010
Clã
segunda-feira, 1 de março de 2010
O silêncio da alma
Sem mais que delírios,
Esperando a sorte chegar,
Em bolinhas de ouro e prata.
Esperando sentir a força
Nobre do moinho em movimento.
Chuva e gosto de araçá.
Árvore verdinha e poço cristalino.
Duas aves no mesmo lugar.
Beijinhos de filhos, filhotes de mãozinhas
Gordas furadinhas, cheirosas de leite e
Pão.
Saudades de conquistas,
Pedacinhos de realizações.
Mansas ondas de estar sereno.
Contido.
Estar rezando para o bem.
Vivenciando o bem.
Amando a todos sem barreira.
A todos mesmo.
Ao mesmo tom, ao ouvido aberto
Para uma nota sonora, docinha
Cantiga de beata evocando Nossa
Senhora.
É neste lugar que guardo
Minha alma silenciosa.
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