sábado, 31 de dezembro de 2011

A lonjura de Dionísio



1.
O teu angelical menino
Está em sintonia
Com meu verso primo.
O olho aceso
Em azul celeste
Cabe em meu diário
De cordas e notas musicais.
Fantasias de mocinha:
Estou a adorar-te,
A sonhar teus lampejos
De frutos em essência.
Estou a decorar tuas
Obras invisíveis.
Teu olhar clínico de poeta,
Tua estética de sábio
Ornador dionisíaco
A enfeitar
Meus moldes.

Sílvia Goulart



2.
Ê lar amoroso.
A casa e a rua,
Como diria
Roberto DaMatta.
A família que viaja na carne,
Como Drummond a nós lembrou.
O que é a doçura da casa
Se não o medo?
A língua amorosa alimenta-se
Do espanto entre o ouro
Da poesia inconsciente do povo
E sua força bruta.
A “dose mais forte e lenta”
Que “nem dez mandamentos”
Possuem o poder de aliviar.
Cruzei o deserto articulado
Com o mistério da língua
Que ama Exu Dionísio
E sua poderosa avenida
Que vai de São Paulo a Brasília.
Só eu escrevo
O que eu entendo.
A negra de rosa que gerou
A ordem dos escritores
Do sertão brasileiro
Me aflora por dentro.

Marcus Minuzzi



Poema e pintura: Sílvia Goulart
Poema e foto: Marcus Minuzzi

Um comentário:

A conta coletora coletiva