sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O novo festim


O revelado marujo,
Rei rítmico entronado
Pela feiúra do grotão último, brasileiro,
Com nobre orgulho da pobreza de seus
Bondes e becos.
A benta união de mitos circulados
Por um novo medo.

Rema a marinheira.
Morre o espírito velho.
O caboclo regenera a floresta.
A morena mãe canta o ponto angélico demorado e violento.

Sou o olho renovado mesmo do que há de mais antigo.
Guerrear com calma, brandura e lógica mariana me espalha a figura.
Contar a mole profecia umedece o manto
Que alegremente purifica
A vocação infinita
De sonhar o Brasil.

Recebendo o boi




Louvado seja nosso boi arteiro,
Peregrino nestas terras do Cerrado.


Ê boi, ê boi, te concedo esta licência!
Ê boi, ê boi, tu aqui é rei gloriado!

O boi caprichoso e bem brejeiro,
Que veio de outros pagos,
Não conhece o rumo ainda,
Mas sabe que não se perde
Neste sertão amarelado.


O boi esperto, ruaceiro,
Fidalgo moço faceiro,
Enxerga por entre as frestas
Deste terreiro.
Sabe que aqui é forasteiro,
Mas conhece cada pedaço
Como quem aqui pisou primeiro.

A luz que alumeia cada fruta, cada bicho,
Cada oca, cada canto,
É luz advinda do boi!
Boi risonho, caborteiro,
Não se entrega ao laço nem à canga,
Nem ao jugo prisioneiro da palavra maldita.



O boi reverte o laço,
O boi é prosa e poesia.
Se espedaça, muge em versos,
Canta pra estrela guia.
Dá licença, meu povo!
O que o boi quer é cantoria.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A vinha




Havia azedado o leite. Olharam-se. “Comigo ninguém pode.” A Ave Maria despuerilizou seus sentimentos. O peito e o pássaro. Amaram-se.

Uma visão olímpica (trecho)






Másculo,

Meu
Ardor,

Meu
Rubescimento.

Se
Pudesses


Imitar
Meu recato.

Amar
É mágico.

Teu
Peso

Recurva-me
Como

Desalento.
Fardo,

Cruz
Posta.



Mago,
Adoro-te

O condão
Dos dedos.

Escreves-me,
Me dás

Passado.
Músculo,

Oratório.
Fazes

Pia
De oratório.

Meu côncavo
A queimar-te


Feito
Febre.

Desejo
Cavalos

Que
Me dominem,

Porém
Que eu

Lhes
Cubra



A cara
Com

Meus
Cabelos.

Pastos,
Montanha

Infinita,
Olhos

Bordados
Sem

Mãos
De impaciência.

Visto
Sacros


E mantos.
O peixe

Do
Teu

Amado
Ferimento.

Nada há
Mais

Místico
Que tua

Crista,
Tua

Boa
Hora.

Reconfortamo-nos
Na dor.

Pego
Em tua

Mescla
De boi

Com
Gato,

Tua
Possante

Vertente
De

Pontos
Virulentos

De
Sabedoria

Atlética,
Olímpica,

Adulta.
O tempo

Vai
Virar-nos.

Femininos
Serão

Teus
Dardos,

Tuas
Conquistas,

De
Modo

A que
Também

Menstrues.
Espessos

Serão
Nossos

Laços,
Combinando


Teu
Cheiro

De
Mar

Com
Minha

Pele
Reescrita.

Partidos
Permanecerão

Nossos
Sexos.

Porém,
Finíssimo

Ocaso
Da distância

Se
Anuncia.

Serás
Meu

Mais
Compreendido.

Olhando
Para o céu,

Saberemos
De

Um rebanho,
De um

Retroar
Do varão,

Esculpido
Pela


Mulher
Em novas

Páginas
De filosofia.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O rito maior da oração




O índio criava tudo.
Criava o fruto
Com a força da mãe natureza.
O xamanismo trazia o deus,
A cura, a bondade dos espíritos da floresta.
Ninguém, ninguém sabe,
De onde vem essa prece.
Mas todo homem que escutar,
Ali Deus reconhece.


O vídeo deste post ritualiza a esperança por uma "revolução em língua brasileira".

sábado, 16 de janeiro de 2010

Enfeita um pedacinho de folha


A janela está aberta,
A flor já amanhece.
O sereno que depois vem
Com toda sua bênção desce.

Enfeita um pedacinho de folha
Para amanhã beber água.

No horizonte da vida
Sempre tem uma água pura, abençoada.
Para quem bebe dessa água,
A vida fica mais perfumada.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A loa brasileira

Sublimes sons voam no espaço, carregados pela cadência brasileira. A lusitanidade orienta o passo africano, conduz a harmonia do índio e seus tambores. Amanhã, os orixás, pajés e senhoritas serão astros do mesmo terreiro.

O atabaque, a flauta e a viola poderão saber o som sem o ódio plantado pelas guerras territoriais. O samba a embalar o Brasil menino, verde, novinho e cheiroso de mato fresco. O menino índio plantado neste lugar nasce pleno, com dentes fortes e boca carnuda.

Amanhã, Deus será sincrético e sereno.Ninguém mais temerá a morte da floresta.

Camisetas pintadas d'A Negra Ama Jesus


O antigo rosto da Deusa erige modelos de montes olímpicos humanos: camisetas pintadas d'A Negra Ama Jesus. A pintura de cada camiseta é artesanalmente elaborada entre o livro onírico aceso do mundo. Os modelos deste post foram produzidos sob encomenda. Faça o seu pedido (R$ 40,00 os modelos masculino e feminino).













terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A moça ritualiza o mito

A Negra Ama Jesus começa aqui o seu blog. Ritos em forma de poesia e cor. A Negra Mãe enaltece o mito. O trovadorismo homérico alimenta o novo.

No último ano, dois fatos ritualizaram o mito d'A Negra: o desfile de lançamento da nossa grife, durante a VI Semana da Comunicação da Faculdade Araguaia



a a exposição "O Livro Lírico e Lógico da Deusa - poemas pintados d'A Negra Ama Jesus", no hall da Biblioteca Central da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.




Limpar o negro brasileiro do mal que lhe é atribuído é uma das funções deste novo mito. O blog d'A Negra ritualiza no ciberespaço o molhado desejo de conquistar o novo. O mito ressurge com força, em tempos de diversidades que se visitam sem a necessidade de compartilhar territórios.



O amor incendeia a roupa

A Grife d'A Negra foi lançada no dia 18 de novembro de 2009, em um desfile durante a VI Semana da Educação da Faculdade Araguaia, com produção dos alunos do 2º período de Jornalismo.

Desfilaram com as camisetas d'A Negra várias alunas da turma, as professoras Sandra Paro e Roberto Barros, além da filha mais velha de Marcus e Sílvia, Adélia Rosa Goulart Minuzzi. O desfile fez referência ao Dia da Consciência Negra, comemorado naquela semana.

A feminilidade amplia o mito. Na moda, o novo respira.
















MAIS:
http://www.faculdadearaguaia.com.br/mc/site/index.php?f=4&ID=222&chave=&start=0




O peito da negra índia

De 5 de agosto a 3 de setembro de 2009, a A Negra Ama Jesus promoveu a exposição "O Livro Lírico e Lógico da Deusa - poemas pintados d'A Negra Ama Jesus", no hall da Biblioteca Central da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

O processo de recriação do mito do amor entre o masculino e o feminino foi o tema da mostra.

Estiveram em exposição “peças sonoras” (poemas pintados em cabaças, papelões e ossos) que, conforme a intenção do coletivo de arte A Negra Ama Jesus, refletem o inconsciente mítico brasileiro.

A exposição fez parte do projeto “Galeria à vista”, uma das ações do Programa Interdisciplinar de Leitura, promovido pelo Sistema de Bibliotecas da PUC Goiás.


















Na última semana da exposição, A Negra interagiu com o público, distribuindo poemas pintados em plaquetas de papelão.

















MAIS:
http://www2.ucg.br/flash/Flash2009/Agosto09/090811expobc.html
http://www2.ucg.br/flash/Flash2009/Agosto09/090807goulart.html




O texto de apresentação da exposição "O Livro Lírico e Lógico da Deusa - poemas pintados d'A Negra Ama Jesus":



O livro lírico antecede o lógico. O camoniano sertão artisticamente antecede o mito. A redenção do humano artisticamente ama o novo. O novo alimento rege-se por Dionísio.

A principal meta do dionisíaco é recriar o mito e, por consequência, o humano.



A exposição O Livro Lírico e Lógico da Deusa – Poemas pintados d'A Negra Ama Jesus atende aos mais profundos anseios humanos de seus dois idealizadoras, Sílvia Goulart e Marcus Minuzzi. Casados há 14 anos, provenientes do Rio Grande do Sul e atualmente residindo em Goiânia, Sílvia e Marcus alimentam o cotidiano com poesia. A recriação da vida eleva o ser mulher e homem.

O mito do amor precisa ser recriado. O castelo que dificulta o acesso ao amor guardado no coração do parceiro representa o medo de amar. Os poemas d'A Negra Ama Jesus repercutem o anseio original da felicidade nupcial. O amor revela o lento amor divino: o léxico do abismo que repercute a memória do mundo. A contemporaneidade fomenta o amor físico, através da pouca atenção à beleza simbólica, ou seja, mítica.

Camões bordejava suas musas. A poesia é uma difícil conquista. A arte pede dor e resignação. O medo de amar começa com o medo de entregar-se. O artista sonha o mito de novas núpcias: uma espacialidade mitológica que ritualiza o drama da impossibilidade da solidão. O artista renuncia ao medo quando se entrega a tais ritualidades. O amor arde, então, na mesma intensidade de signos arquetípicos.



O titânico nunca anseia por elevar o mundo. Sua meta é destrui-lo. O homérico, por sua vez, resgata o amor através do encanto. A sexualidade sonhada ressignifica o tempo vivido: a gestação de um novo mundo.




A conta coletora coletiva